Cabo Delgado: nova onda de ataques regride ganhos humanitários
A eclosão da nova onda de ataques terroristas na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, está a afectar a assistência humanitária aos deslocados internos.
A eclosão da nova onda de ataques terroristas na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, está a afectar a assistência humanitária aos deslocados internos.
A situação deixa milhares de crianças sem o apoio de que necessitam.
As últimas incursões dos terroristas no distrito de Ancuabe colocaram grande parte de pessoas numa situação de segunda vaga de deslocados internos.
A informação foi tornada pública hoje, em comunicado de imprensa, pela Save The Children, em que cita testemunhas de assassinatos, decapitações e destruição de casas.
“Devido a deterioração das condições de segurança para o seu pessoal, a Save the Children viu afectadas as suas operações humanitárias que assistem famílias anteriormente deslocadas em Metuge, Chiúre e Montepuez, o que representa um retrocesso nos ganhos alcançados nos últimos dois anos”, disse a Directora Geral da Save the Children em Moçambique, Brechtje van Lith, citada na nota.
A comunicação da Save the Children avança que mulheres e crianças representam 85% das pessoas forçadas a deixar suas casas ou abrigos, e, neste grupo, estão mulheres grávidas e crianças desacompanhadas.
A organização refere que cerca de 10 mil pessoas deslocadas na sequência do último ataque já viviam em zonas de reassentamento e agora devido a nova insegurança e emergência voltaram a se mudar para outras zonas mais seguras nos distritos de Chiúre, Metuge e Pemba.
“As condições em que vivem são bastante precárias e as famílias ficaram sem acesso adequado ao abrigo, saneamento, roupas e comida”, lê-se no comunicado.
A consequência imediata dos novos ataques é que o número de crianças deslocadas aumentou de 370 mil para mais de 400 mil, segundo o Ministério do Género, Criança e Acção Social.
A Save the Children é uma das principais agências que responde à crise em Cabo Delgado, e opera nos distritos de Pemba, Metuge, Chiúre, Montepuez, Mueda e Palma, beneficiando cerca de 302 mil pessoas, incluindo cerca de 174 mil crianças em 2021.