Encontrada solução para estancar conflito homem-fauna bravia

O conflito entre homem e a fauna-bravia tem dias contados no distrito de Matutuíne, província de Maputo, sul de Moçambique, mercê dos acordos alcançados com as comunidades da zona tampão do Parque Nacional de Maputo (PNM), com vista a construção de uma vedação que separa os elefantes das comunidades.

Outubro 19, 2022 - 17:25
Outubro 19, 2022 - 17:49
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A solução foi trazida pela Global Conserve, uma organização não-governamental estrangeira, que vai mobilizar dois milhões de dólares para a construção da vedação à volta do limite oeste da Concessão Comunitária Muwai, um projecto com duração de dois anos, e que conta com envolvimento do PNM e parceiro de gestão, nomeadamente a Peace Parks Foundation e a MozBio.


Os elefantes, na zona tampão do PNM, são apontados como animais que mais preocupação tem causado aos produtores do sector familiar, concretamente nos postos administrativos de Bela Vista e Zitundo, considerados celeiros do distrito de Matutuíne, graças as boas condições para a prática da agricultura nas margens dos rios Maputo e Fúti, e não só.


Durante a assinatura dos acordos, o director-geral da Global Conserve, Andreaw Parkers, assegurou que os problemas relatados sobre o conflito entre as populações e elefantes poderão ficar para a história nas áreas críticas de Bela Vista e Zitundo, uma vez que já foi assinado o memorando que permitirá a materialização do projecto de vedação.


De acordo com a fonte, a entidade vai arrancar com a mobilização de recursos com vista a materializar um dos maiores anseios das comunidades que clamavam por uma intervenção do género, a fim de trazer um ambiente de convivência sã entre as populações e os animais, alertando que a sua organização está apenas interessada na garantia da conservação e não usurpação de terras das comunidades.


“Pedimos que confiem em nós. A nossa missão é apenas a conservação e estancar o conflito homem-animal. Não temos nenhum interesse de ficar com a terra das comunidades. Vamos colocar a vedação para que animais não estraguem as vossas culturas”, disse o director da Global Conserve.

Por sua vez, o Administrador do Parque Nacional de Maputo, Miguel Gonçalves, reconheceu que o aumento do número de elefantes no parque faz com que uma parte dos maiores mamíferos terrestres habite fora dos limites daquela área de conservação, e acredita que uma vedação mais sofisticada vai reduzir o fenómeno de invasão dos elefantes às machambas das comunidades.

 

A fonte, da Administração Nacional das Áreas de Conservação, assume que a população de elefantes tem aumentado exponencialmente nos últimos anos na província de Maputo, factor que obrigou o PNM a doar uma parte dos animais ao Parque Nacional de Zinave, na província de Inhambane, sul do país, numa operação feita em duas translocações que movimentaram mais de 70 elefantes.


“Vai-se vedar a área mais procurada e usada pelos elefantes, a concessão dessa área foi uma das grandes bandeiras que defendemos para a mitigação do conflito homem-animal. Trata-se de zonas em que se disputa o mesmo recurso que é água, e na procura dessa água infelizmente os elefantes encontram as machambas”, disse Gonçalves.


A estrutura governamental local, chefiada por Albino Howana, chefe do posto administrativo de Bela Vista, apelou as comunidades para acarinharem o projecto que, na sua visão, irá mitigar os problemas relatados nos povoados, tendo vincado que já houve momentos em que o conflito homem-fauna bravia era mais preocupante, mas que, nos últimos anos, tende a reduzir.


“Este memorando vai melhorar a situação aqui na zona tampão. Uma das grandes vantagens é que será preservado o recurso das comunidades”, disse.


Refira-se que a área de conservação liderada pela comunidade abrirá igualmente oportunidades para diversificar a fonte de renda das comunidades por via da promoção do turismo ecológico, explorando a paisagem e os animais que actualmente residem nessas áreas.