Entre promessas e fracassos: SADC volta a focar na crise Moçambicana

A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) reafirmou ontem, dia 8, a sua disponibilidade para ajudar Moçambique na resolução da crise política que se arrasta desde as eleições gerais de 9 de Outubro. O apelo renovado surge após duas reuniões extraordinárias do órgão, realizadas em Dezembro de 2024 e Janeiro deste ano, que, no entanto, não produziram soluções concretas para a situação.

Janeiro 10, 2025 - 15:39
Janeiro 10, 2025 - 20:40
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Entre promessas e fracassos: SADC volta a focar na crise Moçambicana

O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, confirmou que os países membros da SADC estão prontos para oferecer apoio a Moçambique, numa tentativa de mitigar os impactos políticos e sociais da crise, que ameaçam a estabilidade regional. Apesar desta prontidão, os encontros anteriores do bloco regional limitaram-se a comunicados de apelo ao diálogo e à paz, sem apresentar saídas práticas.

A crise eleitoral em Moçambique foi desencadeada pela validação dos resultados das eleições, que deram vitória a Daniel Chapo, do partido FRELIMO, com 65% dos votos, enquanto o principal opositor, Venâncio Mondlane, obteve 24%. Mondlane rejeitou os resultados proclamados pelo Conselho Constitucional, declarando-se "presidente eleito pelo povo" e refugiando-se no exílio. A violência pós-eleitoral, que teve início a 21 de Outubro, já causou mais de 300 mortes, segundo estimativas.

A SADC, que reconhece a importância de um diálogo inclusivo para resolver as tensões, expressou preocupação com os protestos e a escalada da violência em Moçambique, considerando que esta situação representa uma ameaça não apenas para o país, mas também para a estabilidade da região, especialmente para os países com fronteiras terrestres e marítimas com Moçambique.

Ramaphosa afirmou esperar que a cerimónia de investidura de Daniel Chapo decorra sem incidentes, mas não confirmou a sua presença. Garantiu, entretanto, ter enviado um representante especial para dialogar com as autoridades moçambicanas sobre a situação no terreno.

A Presidente da Tanzânia e líder do Órgão de Cooperação nas Áreas de Política e Defesa da SADC, Samia Suluhu Hassan, fez um apelo ao fim imediato das hostilidades em Moçambique, instando todas as partes a priorizarem a paz e o diálogo. Por outro lado, organizações não-governamentais moçambicanas apelaram a Ramaphosa para intervir directamente na crise, embora não tenha havido declarações oficiais por parte da presidência sul-africana.

Enquanto a SADC continua a monitorizar os acontecimentos, as expectativas sobre uma intervenção efectiva permanecem moderadas, dada a incapacidade demonstrada até agora de propor medidas concretas para resolver a crise. A estabilidade política e social de Moçambique é fundamental não apenas para o país, mas também para a segurança e o desenvolvimento da região austral do continente.