TotalEnergies direciona investimentos para Índia e mantém gás do rovuma em “banho-maria”

Patrick Pouyanné, presidente e CEO da TotalEnergies, discute como a multinacional francesa poderá financiar a transição energética da Índia através de investimentos “duros” em infraestrutura de gás natural e projetos de energia renovável.

Janeiro 8, 2025 - 17:46
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TotalEnergies direciona investimentos para Índia e mantém gás do rovuma em “banho-maria”

A decisão surge numa altura em que, um dos maiores projectos de gás natural, liderados pela empresa em África, (Mozambique LNG), na bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, continua mergulhado numa incerteza.

Ou seja, a retoma do projecto continua dependente das condições de segurança depois da cláusula força-maior que obrigou a interrupção das actividades na base logística de Afungi, no distrito de Palma, devido ao ataque àquela cidade pelos terroristas em Março de 2021.

Para Patrick Pouyanné, dada a dimensão e potencial do mercado, a Índia é o local certo para implementar a estratégia de transição energética da empresa, baseada em dois pilares, designadamente, energias renováveis ​​e gás natural.

Curiosamente, os dois pilares aludidos pela TotalEnergies, constituem a componente central da matriz energética moçambicana que necessita de investimentos avultados para financiar a transição, com implementação de tecnologias avançadas rumo a redução de emissões que o país almeja.

O CEO da TotalEnergies fez o anúncio dos investimentos na Índia, esta semana em uma entrevista exclusiva a Energy Conecty, antes da India Energy Week 2025, evento que vai juntar actores chaves no sector de energia a nível global.

“Neste momento estamos empenhados em apoiar a mudança da Índia, investindo em infraestruturas de gás natural e em projetos de energias renováveis, garantindo um fornecimento de energia fiável e sustentável para o futuro. Os objectivos da Índia de atingir 500 GW de capacidade de energia renovável até 2030 e aumentar a quota de gás no cabaz energético de 6% para 15% estão alinhados com os objectivos da empresa”, disse o CEO da TotalEnergies.

De acordo com a fonte, os investimentos na India, colocam a empresa bem posicionada para capturar o crescimento no mercado indiano de GNL através da participação na infra-estrutura de importação de GNL e no desenvolvimento de toda cadeia de valor do gás natural.

“As nossas iniciativas incluem a expansão de projetos de energia solar e eólica, o aumento da eficiência energética e o fornecimento de apoio técnico e financeiro para garantir uma economia justa e equitativa. Ao concentrarmo-nos nestas áreas, pretendemos melhorar o acesso à energia, contribuir para o crescimento económico e promover a sustentabilidade ambiental. Além disso, estamos a trabalhar para fornecer acesso ao GPL para cozinhar de forma limpa a 100 milhões de pessoas em África e na Índia até 2030”, frisou.

Tal como em África, e Moçambique em particular, a TotalEnergies compreende a necessidade crítica dos países fazerem a transição do carvão para fontes de energia mais limpas para cumprir os seus objectivos climáticos. “Embora o carvão tenha sido uma fonte de energia dominante, as suas elevadas emissões de carbono colocam desafios ambientais significativos. A petroquímica, reitera que, o gás natural, oferece uma alternativa mais limpa com menores emissões de CO2 e pode servir como combustível-ponte na transição para as energias renováveis.

Refira-se que, o atraso do regresso da total, está a retardar em cadeia outros projectos de gás na bacia do rovuma, como é o caso do acordo final de investimento da ExxonMobil para a área 4, que depende do regresso da TotalEnergies.

Trata-se de dois projectos distintos, em termos de dimensão e orçamento, mas com uma ligação indirecta, uma vez que ambos irão explorar hidrocarboneto em onshore na mesma área, daí que o regresso do primeiro é crucial para o avanço do outro.

Segundo explicou o Embaixador italiano em Maputo, trata-se de projectos diferentes, mas que, para Exxonmobil seria difícil começar o projecto onshore sem que o outro parceiro que chegou antes, a TotalEnergies, declare que as questões de segurança estão resolvidas. “seria difícil para uma empresa internacional realizar grandes investimentos, enquanto a outra empresa importante achar que as condições de segurança ainda não estão criadas”, disse Gianni Bardini, numa entrevista em Agosto do ano passado.

O diplomata italiano, disse na altura, que a levantamento da Força-Major, instrumento jurídico invocado para interromper sem somar custos, as operações do projecto Mozambique LNG, devida deterioração das condições de segurança em Cabo Delgado, era a condição fundamental para a ExxonMobil assinar a carta de compromisso.