Fracassa tentativa de retomar cobranças nas portagens da REVIMO
As portagens geridas pela REVIMO na região metropolitana de Maputo enfrentaram forte resistência na tentativa de retomar as cobranças, três meses após a interrupção decretada por Venâncio Mondlane. Automobilistas recusaram-se a pagar, obrigando a concessionária a suspender a operação devido à pressão das comunidades que protestaram massivamente.

Na portagem de Ka-Tembe, uma das mais contestadas pelo seu custo elevado, manifestantes ocuparam o local desde as primeiras horas da manhã, bloqueando a cobrança. A situação tornou-se tensa com a intervenção da Unidade de Intervenção Rápida da polícia, que utilizou gás lacrimogéneo e deteve vários manifestantes. Em resposta, os protestantes ergueram barricadas e interromperam o trânsito na ponte Maputo-Katembe, provocando um caos generalizado.
Os manifestantes exigiram a libertação dos detidos, compensação por danos causados às viaturas durante a intervenção policial e uma garantia por escrito da REVIMO para manter o trânsito livre. No entanto, até ao encerramento desta reportagem, o impasse persistia.
Outras portagens, como a da Costa do Sol, optaram por manter as cancelas abertas, evitando confrontos directos. Entretanto, a TRAC, responsável por portagens na N4, também enfrenta dificuldades, com muitos automobilistas a recusarem o pagamento e a circulação a ser permitida gratuitamente em algumas "boxes".
A revolta popular baseia-se nas medidas anunciadas por Venâncio Mondlane no seu plano de 100 dias, que suspendeu a cobrança de todas as portagens a nível nacional. Mondlane considera as portagens símbolos de opressão económica, acusando a REVIMO de cobrar taxas em estradas onde não realizou investimentos.
Em paralelo, a Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou a abertura de processos contra Venâncio Mondlane, alegando ilegalidade no decreto que suspende as portagens e classificando o "Jornal do Povo", veículo que publica as medidas do governo-sombra, como imprensa clandestina por não estar registado no Gabinete de Informação. A PGR afirmou que todas as medidas contidas no decreto são nulas e sem efeito legal.