Crise de combustível dispara preços no mercado negro: Litro chega a 250 MT
A crise de combustíveis em Moçambique está a atingir níveis alarmantes, com o surgimento de esquemas de especulação no mercado negro, particularmente nas províncias do centro e norte do país. Em cidades como Nampula, Tete e Pemba, o litro de gasolina chega a ser vendido por até 250 meticais, num contexto de escassez generalizada e desorganização na cadeia de distribuição.

A TORRE.News apurou no terreno que grupos organizados de operadores informais, com alegada conivência de colaboradores das gasolineiras, têm desviado combustíveis logo após a chegada às capitais provinciais. O produto é reservado para círculos influentes de amizade e negócios, que o revendem a preços exorbitantes fora dos postos oficiais.
Aparentemente, o combustível que entra nas províncias não chega ao consumidor comum porque grande parte é absorvida por estes esquemas de revenda paralela, criados para provocar carência e aumentar artificialmente os preços. Esta prática tem afectado directamente milhares de automobilistas, transportadores e cidadãos que dependem do abastecimento regular para manter as suas actividades diárias.
Em Maputo, a capital, também se registam perturbações no abastecimento, com postos encerrados ou a funcionar com restrições. Longas filas, ausência de gasolina e gasóleo, e um ambiente de incerteza tornam-se cada vez mais comuns nas bombas de combustível.
Perante a gravidade da situação, o Governo veio a público assegurar que continua a realizar, de forma pontual, as descargas de combustíveis e mantém níveis de reserva considerados suficientes para satisfazer a procura nacional. Contudo, reconhece que há dificuldades logísticas e administrativas que estão a comprometer a chegada do produto aos consumidores.
“A aparente falta de combustíveis nos postos de abastecimento não deve ser atribuída à inexistência do produto. Está mais relacionada com questões logísticas e administrativas”, explicou Inocêncio Impissa, porta-voz do Governo, durante o briefing semanal do Executivo.
Apesar das garantias, o próprio Governo admite que uma das condições para a libertação dos combustíveis armazenados nas alfândegas é a apresentação de garantias bancárias por parte das distribuidoras, muitas das quais enfrentam dificuldades no acesso a divisas e financiamento.
Num contexto de fragilidade económica e crescente custo de vida, a escassez de combustíveis está a agravar a pressão sobre os cidadãos e a criar um terreno fértil para a especulação. O Executivo promete investigar as causas profundas da disrupção e responsabilizar os envolvidos nos esquemas de desvio e revenda ilegal, num esforço para restabelecer a ordem no sector.