PODEMOS conquista quase 50 deputados e assume posição da Renamo no parlamento

O partido PODEMOS alcançou um marco histórico nas eleições gerais de 2024 ao conseguir eleger 46 deputados para a Assembleia da República, ultrapassando a Renamo e tornando-se a segunda maior força política em Moçambique. A Renamo, tradicionalmente o maior partido da oposição, foi relegada à terceira posição com apenas 23 deputados eleitos, uma queda dramática em relação aos 69 deputados que possuía na legislatura anterior.

Outubro 16, 2024 - 12:31
Outubro 16, 2024 - 12:42
 0
PODEMOS conquista quase 50 deputados e assume posição da Renamo no parlamento

A perda de 48 deputados pela Renamo criou um ambiente de tensão dentro do partido, especialmente entre os apoiantes de Ossufo Momade, que tinham expectativas de assegurar lugares no parlamento. Este resultado representa um sério revés para o partido, que vinha enfrentando desafios internos e externos.

A distribuição de mandatos foi analisada pela plataforma independente de observação eleitoral, Mais Transparência, com base nos resultados apurados pelas Comissões Provinciais de Eleições. O PODEMOS, inicialmente visto como um outsider nestas eleições, surpreendeu ao formar uma aliança com o candidato independente Venâncio Mondlane, conseguindo assim um desempenho robusto que garantiu a eleição de 46 deputados. Esse resultado consolidou o partido como a segunda maior força política, atrás apenas da Frelimo, que elegeu 162 deputados.

Os dados da plataforma Mais Transparência foram sustentados tanto pelos resultados do apuramento intermédio nas urnas a nível distrital, como pela centralização dos votos a nível provincial. Esses números confirmam a vitória da Frelimo e do seu candidato presidencial, Daniel Chapo, seguidos pelo PODEMOS e Venâncio Mondlane.

No entanto, o PODEMOS contestou os resultados, alegando que a sua contagem paralela mostrava uma vitória de Venâncio Mondlane em vários círculos eleitorais, mas que os resultados teriam sido alterados para favorecer a Frelimo. Com base nesta contagem, Venâncio Mondlane autoproclamou-se vencedor das eleições e anunciou a criação de uma comissão de transição de poder.

Em resposta a esses pronunciamentos, Venâncio Mondlane foi notificado pela Procuradoria-Geral da República, acusado de incitação à violência e de tentar tomar o poder por meios ilegais, uma vez que se proclamou vencedor antes do anúncio oficial dos resultados pelas autoridades eleitorais competentes.

Enquanto isso, o Congresso Nacional Africano (ANC), partido no governo na vizinha África do Sul, já felicitou a Frelimo e o seu candidato pela vitória, mesmo antes de um anúncio oficial dos resultados por parte das autoridades moçambicanas.

O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) também registou uma melhoria em relação à legislatura anterior, aumentando a sua representação de 6 para 11 deputados, beneficiando-se principalmente do seu desempenho na província de Sofala, onde tem forte influência.

A próxima legislatura em Moçambique contará com a presença de quatro forças políticas: Frelimo, PODEMOS, Renamo e MDM. Apesar das conquistas da oposição, a Frelimo continuará a dominar o parlamento, com mais de 60% dos deputados, mantendo a sua posição hegemónica no cenário político moçambicano.