Renamo e MDM não se juntam às manifestações, mas reconhecem Direito Constitucional de Venâncio Mondlane

Venâncio Mondlane, candidato presidencial que ocupa a segunda posição na contagem intermédia de votos das eleições gerais, convocou manifestações gerais de dois dias, marcadas para os dias 24 e 25 deste mês, a nível nacional. Mondlane apelou a todas as forças políticas, incluindo os partidos com assento parlamentar, a juntarem-se na contestação dos resultados eleitorais.

Outubro 22, 2024 - 14:49
Outubro 22, 2024 - 14:49
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Renamo e MDM não se juntam às manifestações, mas reconhecem Direito Constitucional de Venâncio Mondlane

No entanto, a Renamo, principal partido da oposição, e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), decidiram, para já, não se juntar às manifestações. Ambos os partidos reconhecem, contudo, que a convocação de Mondlane constitui um direito constitucional legítimo, que deve ser respeitado.

Em entrevista à TORRE.News, o porta-voz da Renamo, Marcial Macome, afirmou que o partido está, neste momento, focado em trabalhos internos, que culminarão na contestação dos resultados dentro das instituições legais competentes. Embora a Renamo não se envolva nas manifestações convocadas por Mondlane, Macome sublinhou que o direito de se manifestar é fundamental e assistido pela Constituição moçambicana. “A Renamo respeita a decisão de Venâncio Mondlane. Consideramos a manifestação um direito constitucional, desde que não coloque em causa outros direitos fundamentais, como a segurança e a liberdade de circulação,” alertou Macome.

O MDM também optou por não aderir à greve convocada por Mondlane. Augusto Pelembe, chefe adjunto de informação do partido, disse à TORRE.News que, até ao momento, não foi tomada qualquer decisão no sentido de apoiar a convocatória de Mondlane. No entanto, Pelembe reconheceu a legitimidade da luta do candidato do PODEMOS e concordou que a contestação está dentro da legalidade.

Pelembe expressou dúvidas sobre a veracidade dos resultados que serão anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) no dia 24 de Outubro, afirmando que estes provavelmente não diferirão daqueles já divulgados pelos órgãos eleitorais nos distritos. Segundo ele, os moçambicanos têm o direito de se manifestar quando sentem que os seus direitos foram violados, e acredita que Venâncio Mondlane está a representar os sentimentos de muitos eleitores que estão cansados de resultados eleitorais antecipados. “Os resultados não vão mudar, e Venâncio está a expressar o pensamento de muitos moçambicanos que estão exaustos de eleições com resultados já previstos,” disse Pelembe.

Pelembe demonstrou, no entanto, preocupação com a possibilidade de as manifestações se tornarem violentas, algo que o país, segundo ele, não pode mais tolerar. “Temo que as manifestações possam escalar para a violência, o que seria lamentável, pois o país não precisa de mais guerras,” afirmou Pelembe.

Venâncio Mondlane, em declarações feitas a partir de um local não revelado, anunciou uma nova fase de greves, apelando à paralisação nacional de todas as actividades e à realização de manifestações em todos os 154 distritos do país. Mondlane afirmou que esta é a hora de “repor a verdade eleitoral” e descreveu o momento actual como favorável para uma “revolução pacífica.”

“Quero decretar a abertura das portas da revolução em Moçambique,” declarou Mondlane, apelando a uma paralisação total das actividades durante dois dias, acompanhada de manifestações nas ruas com cartazes, sem pontos específicos de concentração.