MRM factura 2,3 Milhões de USD em Leilão mas persistem maus tratos aos trabalhadores em Namanhumbir
A empresa Montepuez Ruby Mining (MRM), que opera no posto administrativo de Namanhumbir, distrito de Montepuez, província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, arrecadou no último leilão 2,3 milhões de dólares com a venda de rubis, safiras e corindo.
Segundo um comunicado da MRM, a empresa, num leilão que decorreu entre segunda e quarta-feira da semana passada na Tailândia, vendeu a totalidade dos 5,7 milhões de quilates (1.130 quilos), divididos em 10 lotes, a um preço médio de 0,41 dólares por quilate.
No entanto, a empresa continua a que mais viola o direito dos trabalhadores naquela região, estando em causa os despedimentos de trabalhadores sem qualquer motivo justo na mina de Namanhumbir, a Montepuez Ruby Mining (MRM),
Só em Junho do ano passado, fontes seguras, confirmaram que seis funcionários foram suspensos preventivamente depois de receberem notas de culpas que culminaria com a expulsão do quadro de pessoal da Montepuez Ruby Mining (MRM). De acordo com fontes internas, os seis trabalhadores são acusados de liderarem a greve de 28 de março de 2023 que envolveu mais de 300 operários da mina.
O processo disciplinar procedeu do inquérito, realizado entre os dias 15 de abril a 2 de maio de 2023. Até a realização do inquérito, a Empregadora desconhecia quem era o infractor. O desconhecimento do infractor, foi devido ao tumulto na greve dos trabalhadores, ocorrida em 28 de março de 2023, sendo que na referida data, a Empregadora estava preocupada em resolver a greve”, relatou a fonte na altura.
Através de um documento, a empresa alegou que os visados eram acusados de terem bloqueado o desviou de acesso a Megaruma Mining Lda, barrado o autocarro da ASCENDING, arrancado chaves da viatura que transportava os funcionários da ASCENDING e ameaçado os funcionários.
Entretanto, “nem todas acusações são verdadeiras, arrancou se sim a chave do carro de um supervisor, mas as outras acusações são falsas. Eles querem expulsar grande parte dos trabalhadores”, revelou fonte segura na altura, mas estranhamente as situações ocorrem perante um olhar impávido e sereno das autoridades moçambicanas e a MRM continuar a somar lucros, mas desgraçando os trabalhadores.
A Montepuez Ruby Mining é detida em 75 por cento pela empresa britânica Gemfields e em 25 por cento pelo seu parceiro moçambicano, Mwiriti Limitada.
O documento que reporta os ganhos com a recente leilão, aponta que o processo representa um aumento de 800 mil dólares em comparação com uma operação semelhante anterior.
“O produto deste leilão será integralmente repatriado para a MRM em Moçambique, sendo todos os royalties devidos ao Governo da República de Moçambique pagos sobre o total dos preços de venda alcançados no leilão”, afirmou o director de Produtos e Vendas da Gemfields, Adrian Banks , citado no documento.
A nota refere que apesar da natureza comercial destes bens, o leilão registou um forte volume de negócios e uma procura robusta.
“O volume significativo de produtos brutos vendidos a preços mais baixos apoiará as fábricas nos centros de corte em Chanthaburi, na Tailândia, e Jaipur, na Índia”, disse Banks.
Apesar da importância dos rubis moçambicanos nas praças internacionais, o Observatório do Meio Rural, uma organização da sociedade civil que actua em defesa dos interesses das comunidades, realça que a exploração dos recursos naturais não se traduziu em relevantes benefícios para as populações em termos de acesso a água, saneamento, saúde, educação, condições habitacionais ou posse de bens em Namanhumbir.