Societe Generale alerta contra risco de aumento de pressões inflacionárias a curto prazo

A Societe Generale, uma instituição bancária que actua no mercado financeiro moçambicano, alerta contra o agravamento dos riscos de aumento de inflação a curto prazo a nível interno, devido aos choques climáticos que impactam sobre os preços de bens e serviços, e o prolongamento da guerra entre a Rússia e Ucrânia.

Abril 14, 2023 - 17:37
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Societe Generale alerta contra risco de aumento de pressões inflacionárias a curto prazo
Societe Generale

O alerta foi lançado ontem (13), em Maputo, pelo director da Sala de Mercados a nível da Societe Generale, Emílio Branquinho, durante o “Business Breakfast” que discutiu o comércio internacional, operações cambiais e commodities, evento que juntou diversos actores da economia.

 

“No mercado global há uma subida de inflação, assim como no mercado doméstico há risco de subida de inflação. Desde Janeiro estamos a assistir a ocorrência de cheias, inundações e ciclones comprometendo campanhas agrícolas e destruindo infra-estruturas. Todos esses factores são condimentos para a subida generalizada de preços e podem a curto prazo contribuir para a subida de inflação”, disse Emílio Branquinho.

 

A fonte, que fazia as perspectivas do mercado local, apontou igualmente o facto do mercado cambial moçambicano ter estado ilíquido durante o primeiro trimestre deste ano, com escassez de moeda estrangeira, criando pressão para os bancos comerciais que viram-se sem capacidade para responder a demanda durante o período de Janeiro a Março, esperando que com o início da exportação dos hidrocarbonetos, ano passado, o país tenha mais divisas.

“Foi um período de muita escassez e os bancos não conseguiram responder a curto prazo as necessidades dos clientes”, afirmou.

 

O banco Societe Generale antevê ainda uma pressão cambial com a recente decisão do Banco de Moçambique, o regulador do sistema financeiro nacional, de limitar a sua comparticipação na factura da importação dos combustíveis para 60 por cento, deixando o remanescente 40 por cento para os bancos comerciais que de per si já vem ressentindo-se de escassez de divisas.

 

“Antevejo pressão cambial com a passagem dos 40 por cento da factura dos combustíveis para os bancos comerciais. Se mesmo com comparticipação do banco central com 100 por cento na factura dos combustíveis, os bancos comerciais lançavam procuras extremamente elevadas. Essa decisão é um desafio para todos nós”, salientou Branquinho.

 

Refira-se que em Janeiro de 2023, o Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco central, para fazer face a inflação, decidiu aumentar as reservas obrigatórias em moeda nacional de 10, 5 por cento para 28 por cento, e em moeda estrangeira de 11,5 por cento para 28,5 por cento, visando absorver a liquidez excessiva no sistema bancário.

 

Ainda na sua missão de monitorar a evolução dos riscos e incertezas, o Banco de Moçambique, em Março deste ano, perspectivava uma inflação de um dígito no médio prazo, tendo informado que em Fevereiro de 2023 a inflação anual acelerou de 9,78 por cento para 10,3 por cento, reflectindo o aumento de preços de bens e serviços.

 

Na mesma ocasião, a fonte chamou atenção para o agravamento da divida pública interna, que situa-se em 301,3 mil milhões de meticais, representando um aumento de 26,1 mil milhões em relação ao mês de Dezembro de 2022.