Crise da exportação do feijão bóer: Royal Group e ETG em disputa acesa
A Royal Group Limitada, empresa que recentemente viu-se forçada a decaregar 250 contentores do navio, devido ao diferendo com o seu concorrente ETG sobre exportação do feijão bóer a partir da cidade portuária de Nacala, já soma grandes prejuízos.
A empresa ja tinha a carga prestes a seguir para os mercados consumidores, quando o seu concorrente pediu a verificação da mercadoria sob suspeita de tratar-se de feijão bóer, apreendida pelo tribunal.
Em causa está o pedido emitido pela ETG as autoridades moçambicanas para que travassem a exportação de 250 contentores da RGL para inspecção e verificação da mercadoria, por suspeitas de a concorrente estar a exportar feijão bóer e outra carga, no valor de 70 milhões de dólares, apreendido pelo tribunal ao grupo, num diferendo movido pela Royal Group.
“Temos o produto aqui fora, temos grandes prejuízos. Isto prova mais uma vez uma denúncia falsa para manchar o bom nome da Royal Group”, disse Rui Domingos, representante da RGL, em declarações à comunicação social no porto de Nacala, em Nampula.
Trata-se de um diferendo que se arrasta há meses e que já levou a ETG, que pediu a intervenção do Presidente da República, a interpor uma providência cautelar, queixando-se da apropriação da sua carga, no porto de Nacala, pela concorrente RGL.
Pelo menos 15 contentores foram descarregados e em nenhum foi encontrado o feijão bóer, relataram as autoridades, e a RGL queixa-se da perda do contrato com o comprador devido ao atraso do navio para saída do porto de Nacala.
“Temos os contentores aqui descarregados conforme vocês veem todos, estamos a confirmar o produto. Está aqui claramente que não é o que aconteceu, o produto que está a aparecer é o feijão holoco e não o feijão bóer como eles disseram que estamos a exportar”, referiu Rui Domingos, da RGL.
Apesar de não ter havido ainda provas de exportação ilegal de feijão bóer na mercadoria da RGL, o conglomerado ETG insiste que sejam descarregados e verificados todos os 250 contentores que estão no navio.
“Que descarreguem toda a mercadoria que faz parte do grupo para que seja inspecionada, isso é que se chama inspecção judicial, é o que nós requeremos, não é o que os outros entendem que devem fazer”, disse Mário Amisse, mandatário da ETG.
Na origem do conflito, já com cerca de 14 meses e sem comentários do Governo, está a denúncia da RGL, que acusa a ETG e outras empresas que exportam feijão bóer para a Índia – que compra quase toda a produção nacional – pela responsabilidade da denúncia de que tinha exportado para aquele país soja geneticamente modificada (OGM).