Ramaphosa enfrenta críticas internas, mas justifica apoio a Chapo por razões estratégicas

O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, está a ser alvo de críticas internas pela sua participação na tomada de posse de Daniel Chapo como Presidente de Moçambique, em meio a alegações de fraude eleitoral e crescente violência pós-eleitoral. A Aliança Democrática (DA), principal voz da oposição, acusou Ramaphosa de comprometer a credibilidade da África do Sul no que diz respeito à promoção da democracia e dos direitos humanos na região.

Janeiro 22, 2025 - 14:11
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Ramaphosa enfrenta críticas internas, mas justifica apoio a Chapo por razões estratégicas

A deputada Emma Louise Powell, da DA, destacou que a participação de Ramaphosa no evento mina os esforços sul-africanos para liderar com autoridade moral em questões democráticas. "A África do Sul deveria estar a desempenhar um papel mais decisivo em exigir transparência e responsabilidade na região, mas este apoio envia uma mensagem errada", afirmou Powell. A oposição exigiu explicações detalhadas sobre a posição oficial do governo em relação à crise política em Moçambique.

Em sua defesa, o porta-voz da Presidência, Vincent Magwenya, sublinhou a importância estratégica de Moçambique para a África do Sul, tanto em termos de segurança quanto de cooperação económica. “A instabilidade em Moçambique afecta directamente a África do Sul. Fortalecer as relações bilaterais é essencial para combater crimes transnacionais, promover o comércio e incentivar investimentos”, afirmou Magwenya, reforçando que o apoio de Ramaphosa reflete o compromisso com a estabilidade regional.

Desde as eleições de Outubro de 2024, Moçambique tem sido palco de protestos violentos que já resultaram em mais de 300 mortos. Partidos da oposição, como o Renamo, boicotaram a cerimónia de posse, enquanto Venâncio Mondlane, principal líder opositor, continua a contestar os resultados eleitorais.

Ramaphosa, acompanhado pelo Ministro das Relações Internacionais, Ronald Lamola, enfatizou que a sua participação na cerimónia visou promover a estabilidade e o diálogo entre as partes moçambicanas. Apesar das críticas, o Presidente sul-africano defende que a prioridade deve ser a paz e a segurança na região, fundamentais para o desenvolvimento económico e social de ambos os países.

Com Moçambique a enfrentar desafios internos significativos, a aposta de Ramaphosa é vista como uma estratégia para proteger os interesses socioeconómicos e de segurança da África do Sul, ao mesmo tempo que reforça o papel do país na resolução de crises regionais.