Já no fim do mandato: Governo de Nyusi foi pedir mil milhões USD à Korea

A síndrome de mão estendida parece não tem fim a vista, desta vez, o Presidente da República, Filipe Nyusi, já no fim do seu mandato, foi pedir a Korea do Sul, a luz de um memorando de entendimento ao abrigo da qual aquela nação do continente asiático compromete-se a desembolsar mil milhões de dólares para financiar projectos de desenvolvimento no país.

Junho 7, 2024 - 13:20
Junho 7, 2024 - 13:55
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Já no fim do mandato: Governo de Nyusi foi pedir mil milhões USD à Korea
Governo do Nyusi

O Chefe de Estado anunciou o facto em conferência de imprensa com os jornalistas moçambicanos que cobriram a sua participação na I Cimeira Coreia-África, um evento de dois com início esta terça-feira em Seul, acto que confirma a teoria de um país que vive de pedidos e doações.

“Moçambique, através do Ministério da Economia e Finanças, celebrou um memorando para a Coreia financiar um bilião de dólares americanos”, disse Nyusi depois que alcançou esse objectivo.

Porém, advertiu, que a verba surge para financiar projectos bem claros, concretos e prioritários.

Explicou que muitas vezes um determinado projecto até pode ser importante, mas não prioritário.

Reconheceu a necessidade de capitalizar as relações tradicionais de cooperação porque é do passado que se faz o presente, e é do passado que se pode projectar racionalmente o futuro.

Questionado se o valor a desembolsar pela Coreia seria na forma de donativo, Nyusi respondeu negativamente, pois trata-se de um valor muito elevado, o que significa que vem agudizar a crise da dívida que o país tem actualmente, embora seja de reembolsado a médio prazo e com condições favoráveis.

Falando sobre o significado do lema da Cimeira “O Futuro Construímos Juntos: Crescimento Económico, Sustentabilidade e Solidariedade”, Nyusi sublinhou que “significa aceitação de que temos que ser solidários, mas também fazer uma cooperação sustentável e não se limitar a uma simples relação de recipientes e doadores”. 

Frisou que os países africanos deixaram ficar bem claro que a cooperação deve ser através de parcerias com ganhos mútuos.

“Os países africanos não estiveram aqui para estender mão”, vincou Nyusi, “vieram aqui para dizer que a África tem isto, África pode fazer isso convosco. É o que nós agora queremos para podermos rapidamente nos libertarmos da pobreza”, acrescentou.

No âmbito multilateral, Nyusi considera a Cimeira como tendo sido um grande sucesso avaliando pelo nível de participação.

Tivemos como enfoque as áreas que nós consideramos como sendo prioritárias, nomeadamente agricultura, energia, infra-estruturas, mas com acento tónico na indústria transformadora.

Aliás, ficou bem patente na cimeira que África quer deixar de ser um mero exportador de matérias, para começar a exportar produtos com valor acrescentado.

Num outro desenvolvimento, o estadista coreano, Yoon Suk Yeol, que co-presidiu a sessão de abertura, com o seu homólogo da Mauritânia e Presidente em exercício da União Africana, Mohamed Ould Ghazouani, anunciou que irá aumentar o valor da Ajuda Oficial ao Desenvolvimento de África para 10 mil milhões de dólares até 2030.

Além disso, o governo concederá financiamento à exportação no valor de cerca de 14 mil milhões de dólares para promover o comércio e o investimento das empresas coreanas em África.

“Hoje, vivemos numa era de crises transnacionais complexas”, afirmou Yoon na cerimónia de abertura. 

Se a Coreia e África combinarem os seus pontos fortes para encontrar soluções sustentáveis, poderão ultrapassar os desafios e crises globais em conjunto”, afirmou Yoon.

“Também procuraremos formas sustentáveis de cooperar em questões directamente relacionadas com o crescimento futuro, como o fornecimento estável de minerais essenciais e transformação digital.”