Itália e FAO selam acordo para protecção da floresta do miombo no vale do Zambeze
A Organização das Nações Unidas para Alimentação Agricultura (FAO) e Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), assinaram hoje, em Maputo, dois acordos para a implementação de igual número de projectos para a protecção da floresta do miombo e facilitação do comércio na região fronteiriça entre Moçambique e o vizinho Zimbabwe.
Os projectos estão orçados em pouco mais de oito milhões de dólares norte-americanas, que serão desembolsados pela Itália no quadro do Plano Mattei para África.
A iniciativa visa promover o desenvolvimento sustentável e a cooperação entre Moçambique e o Zimbabwe através do aumento da segurança alimentar, melhoria dos meios de subsistência e promoção da resiliência contra os desafios ambientais e económicos.
O primeiro projecto, intitulado Gestão Sustentável Integrada Transfronteiriça das Florestas de Miombo tem por objectivo proteger, restaurar e promover o uso sustentável da floresta do Miombo partilhada por Moçambique e Zimbabwe, vital para milhões de pessoas nas zonas rurais, fornecendo recursos essenciais como lenha, alimentos e água.
O segundo projecto está ligado ao desenvolvimento da cadeia de valor agrícola e do comércio entre Moçambique e Zimbabwe.
A representante do governo moçambicano, Ministério da Terra e Ambiente, Teresa Pinto, reiterou que os projectos estão alinhados com o Programa de Nacional de Florestas bem como a aceleração para o alcance das metas definidas na Declaração de Maputo sobre a gestão integrada e sustentável da floresta do miombo englobando países que partilham a bacia do rio Zambeze.
“Estas iniciativas irão permitir ao nosso país e o Zimbabwe implementar acções coordenadas e fiscalização transfronteiriças combatendo o comércio ilegal dos recursos florestais”, disse a fonte governamental.
Já o representante da FAO em Moçambique, José Luís Fernandes, disse “estas florestas não são apenas uma fonte de biodiversidade, são uma tábua de salvação para milhões de pessoas que dependem delas para obter lenha, alimentos, abrigo, medicamentos e água”.
FAO também aponta como um dos focos principais dos projectos, a igualdade de género e o empoderamento dos jovens, daí que as iniciativas reconhecem que estes segmentos populacionais como sendo fundamentais para impulsionar o desenvolvimento sustentável.
“Estamos empenhados em garantir que, pelo menos, 50 por cento dos beneficiários são mulheres e 30 por cento jovens. Ao fazê-lo, pretendemos promover o crescimento inclusivo e construir comunidades resilientes, capazes de prosperar apesar dos desafios ambientais e económicos, disse.
Por sua vez, o embaixador italiano em Moçambique, Gianni Bardini, disse que os projectos vão acelerar a materialização da carta de intenções para mobilizar recursos e garantir a sustentabilidade da floresta do miombo. “Este projecto é um passo concreto para alcançar o objectivo dessa carta”, disse o diplomata italiano.
Segundo Bardini, as iniciativas irão fortalecer a integração regional bem como enfrentar desafios comuns, incluindo promoção da agricultura e segurança alimentar, abrangendo perto de 5.000 famílias em áreas seleccionadas.
Reiterou que o Plano Mattei, lançado em 2024 em Roma, com a presença de 22 chefes do Estados, incluindo o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, estabelece uma nova relação com o continente africano, baseado em parcerias de ganhos mútuos. “A Itália vai investir 5,5 milhões de euros, em cooperação, com agricultura como um dos pilares fundamentais do plano”, vincou.
Refira-se que, a Floresta do Miombo é responsável pela manutenção da bacia hidrográfica do Zambeze, ao longo da qual vivem mais de 40 milhões pessoas dos 8 países atravessados por este rio.