CTA projeta Moçambique como destino estratégico de investimento turco

ISTAMBUL, 17 Out – A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) liderada pelo seu presidente, Álvaro Massingue, está a usar a sua presença no Fórum Empresarial e Económico Turquia-África (TABEF 2025) para promover o potencial económico do país e estabelecer parcerias estratégicas com investidores turcos, com enfoque nas áreas da agricultura, agro-processamento, infra-estruturas e tecnologia.

Outubro 17, 2025 - 15:28
Outubro 17, 2025 - 15:45
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CTA projeta Moçambique como destino estratégico de investimento turco

Com uma delegação de composta por cerca de 25 empresários de várias províncias, incluindo Maputo, Sofala, Nampula e Inhambane, a agremiação tem como principal objectivo divulgar as potencialidades nacionais e atrair investimento directo turco.

 

O objectivo foi confirmado pela directora executiva da CTA, Teresa Muenda, em entrevista a AIM, a margem de encontros B2B organizados pelo fórum.

 

 “O nosso objectivo fundamental é não só mostrar aquilo que são as nossas potencialidades, mas também buscar parcerias com empresários africanos e, particularmente, com os empresários turcos, para vermos como é que podemos desenvolver cooperação que alavanque a nossa economia”, explicou Moenda.

 

A dirigente sublinhou que a agricultura e o agro-processamento estão entre as principais prioridades da missão e a CTA pretende captar empresas com experiência no processamento de produtos agrícolas, área onde Moçambique continua a enfrentar perdas significativas devido à falta de capacidade industrial.

 

“Visitámos uma empresa turca que processa feijões, tomate e berinjela — produtos que nós também produzimos em Moçambique e que muitas vezes se perdem por falta de processamento. Convidámos esta empresa a abrir uma filial no nosso país, para processar localmente e aproveitar o acesso privilegiado que Moçambique tem aos mercados africanos, europeus e asiáticos”, revelou.

 

Moenda destacou que o país oferece vantagens competitivas únicas, como a sua localização estratégica na costa do Índico e o acesso a acordos comerciais com os Estados Unidos, a União Europeia e a China.

 

“Moçambique é uma grande porta de entrada para o mercado africano e uma base natural para a expansão das empresas turcas no continente”, frisou.

 

Além da agricultura, a CTA está interessada em parcerias para o desenvolvimento de infra-estruturas, reconhecendo o papel essencial que estas desempenham na atracção de investimentos e no crescimento industrial.

 

“Se quisermos desenvolver qualquer tipo de negócio em Moçambique, precisamos de estradas e de infra-estruturas. Viemos à procura de empresas turcas com experiência neste domínio, para explorarmos parcerias público-privadas que possam acelerar o desenvolvimento de infra-estruturas no país”, afirmou a directora.

 

A delegação inclui também empresários do sector da construção civil e das tecnologias de informação, sectores em que a Turquia tem uma posição de destaque a nível internacional.

 

“A Turquia está mais avançada tecnologicamente. Queremos aproveitar esta experiência para a adaptar e implementar em Moçambique, fortalecendo as capacidades nacionais e fomentando a inovação”, disse Moenda, acrescentando que o objectivo não é “ser apenas um mercado comprador, mas um parceiro activo que cria valor e gera emprego”.

 

Moenda identificou ainda oportunidades de exportação de produtos agrícolas moçambicanos para o mercado turco, sobretudo feijões do Niassa, que têm despertado interesse entre os industriais locais.

 

“Verificámos que empresas turcas importam feijões do Burundi e do Uganda. Moçambique, com mais de 20 variedades de feijões, pode tornar-se um fornecedor competitivo para este mercado”, sublinhou.

 

O Fórum TABEF 2025, organizado pelo Ministério do Comércio da Turquia, em coordenação com a União Africana e o Conselho de Relações Económicas Externas (DEİK), decorre no Centro de Congressos de Istambul. O evento reúne mais de 4.000 empresários de 54 países africanos, num espaço de diálogo e investimento entre os dois continentes.

 

Durante a sessão de abertura, o Ministro do Comércio da Turquia, Ömer Bolat, afirmou que o país pretende elevar o volume de comércio com África para 40 mil milhões de dólares, destacando o papel de fóruns como o TABEF na construção de “parcerias sustentáveis e de valor partilhado”.

 

Por seu turno, a Comissária da União Africana para o Desenvolvimento Económico, Comércio, Turismo, Indústria e Minerais, Francisca Tatchouop Belobe, defendeu a necessidade de parcerias transformadoras, que promovam a industrialização, a inovação e o investimento responsável no continente.

 

“Precisamos de investimentos que criem valor dentro de África, que transformem os nossos recursos e gerem emprego. A Turquia tem sido um parceiro credível nesse esforço”, afirmou.

 

A presença da CTA e dos empresários moçambicanos no TABEF 2025 reforça a aposta do país em aprofundar as relações económicas com a Turquia, abrindo caminho para novos fluxos de investimento, transferência tecnológica e diversificação produtiva em Moçambique.