Plano Mattei: Embaixador em Moçambique apresenta estratégia de Roma
Pela primeira vez desde o início das relações de cooperação bilateral na década de 1970, a Itália está a implementar um programa de 5 anos com um orçamento de 85 milhões de euros.
AGI - Pela primeira vez desde o início das relações de cooperação bilateral com Moçambique na década de 1970, a Itália está a estabelecer um programa quinquenal, com um orçamento de 85 milhões de euros, para concretizar a sua visão de desenvolvimento no continente africano, definido pelo Plano Mattei. A afirmação foi do embaixador italiano em Maputo, Gianni Bardini, que, em entrevista à Agência Nova, traçou as estratégias do governo italiano no país africano. Segundo o diplomata, o programa quinquenal assinado em 2022 por ocasião da visita a Moçambique do Presidente da República, Sergio Mattarella, estabelece ligações produtivas em diferentes sectores da economia. A Itália concentra actualmente a sua intervenção nas províncias de Sofala e Manica (centro), onde estão em curso projectos-piloto, nomeadamente a criação de um centro agro-alimentar em Chimoio, com um orçamento de 35 milhões de euros, dos quais 5 milhões de euros em donativos e 30 milhões de euros em empréstimos a taxas reduzidas.
Este é, segundo o embaixador, um importante projecto que servirá de incubadora tecnológica e de transferência de competências, numa altura em que, embora a produção agrícola seja bastante importante, o país ainda não dispõe de uma unidade de processamento e transformação de produtos agrícolas. “Finalmente, depois de muita espera e preparação, o projecto vai arrancar. A construção do pólo agro-alimentar terá início em Outubro. isto é, armazenamento, processamento e distribuição em Moçambique”, disse.
Com mais de 30 milhões de habitantes, Moçambique enfrenta vários desafios de saúde pública. A Itália é um dos parceiros estratégicos com vários projetos em curso nesta área, além de uma injeção direta anual de um milhão de euros para o Ministério da Saúde, através de um fundo gerido pelo governo.
O embaixador lembrou que existe em Moçambique uma vasta rede da sociedade civil italiana que, com fundos próprios, melhora a qualidade da saúde da população. É o caso, por exemplo, da Comunidade de Sant'Egidio, que conta com 11 centros de saúde em Moçambique no âmbito do projecto “Sonhos”.
Segundo o diplomata, em termos de impacto económico, a presença italiana em Moçambique nunca teve tanta visibilidade como hoje, reforçada pela presença da Eni, através do projecto de exploração de hidrocarbonetos Coral Sul Flng, na Bacia do Rovuma. A petrolífera italiana detém também uma participação de 25% no projecto de exploração de gás da ExxonMobil em Cabo Delgado, que ainda aguarda uma decisão final de investimento.
A Saipem é outra empresa italiana com forte presença em projectos de gás em Moçambique, contratada pela TotalEnergies, com um orçamento de 7 mil milhões de euros para desenvolver a engenharia do projecto Mozambique LNG, que foi interrompido por razões de segurança, mas que será retomado no final do ano.