De quem são os quatro hectares de produção de cannabis sativa identificados há dias pelo SERNIC em Namaacha?
Este e outros factores podem estar a aliciar ou incentivar alguns grandes dirigentes policiais e políticos a aderirem na produção e venda de cannabis sativa, um sector milionário ...
Na semana passada, o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) identificou em Changalane, no distrito de Namaacha, na província de Maputo, uma plantação com quatro hectares de cannabis sativa (vulgo suruma), entretanto, para quem acompanha as dinâmicas sociais e económicas na região fronteiriça entre Moçambique, ESwatini, África do Sul, Malawi e Zimbabwe, sabe que este facto, não é nenhuma novidade. Que muitas famílias estão envolvidas na produção e venda da suruma para diferentes fins.
Sabe-se que Moçambique é um dos países da região que ainda mantém o consumo e venda da suruma criminalizado, comparativamente aos outros países onde admite-se o consumo de algumas gramas por dia e para produção industrial e medicinal. Este e outros factores podem estar a aliciar ou incentivar alguns grandes dirigentes policiais e políticos a aderirem na produção e venda de cannabis sativa, um milionário sector em ascensão económica em vários cantos do mundo, tudo devido a multiplicidade de produtos que podem sair da planta da cannabis sativa.
Entretanto, enquanto o SERNIC ainda identifica os locais, uma vez que, em Moçambique ainda é crime, algumas figuras politicamente expostas podem estar a usar os corredores fronteiriços do país para fazer dinheiro com o negócio da cannabis sativa, pois embora, não seja nossa intenção expor as personalidades envolvidas nisso, o facto é que, há sim, políticos, agentes económicos e altos quadros do sector castrense que estão a enriquecer com este sector de produção que o nosso governo insiste em não reaproveitar.
Um outro aspecto é que, um número significativo de jovens e chefes de família nos corredores fronteiriço de Namaacha, Moamba e Matutuine, na província de Maputo estão envolvidos no consumo, compra e venda de cannabis sativa, havendo alguns que percorrem a fronteira lícita e clandestinamente para adquirirem e regressam ao país, no intuito de traficar a droga.
Portanto, o SERNIC em Maputo, através do seu porta-voz Henriques Mendes, diz que ainda estão a trabalhar com o objectivo de localizar os donos dos campos de produção de suruma para a devida responsabilização criminal, um dado que já deveria ser apurado muito antes das autoridades chamarem à imprensa e produzirem vídeos congratulando-se da "grande descoberta".
O caminho correcto, seria: identificado o local, o SERNIC deveria empreender suas linhas operativas com vista a localizar toda a teia envolvida na produção, transporte, distribuição e locais de venda interna e externamente. Agora, será mais um caso, mesmo que amanhã nos apresentem um qualquer "fantoche" como proprietário, a verdade é que existem vários tubarões nacionais envolvidos neste business, uma realidade que ficará evidente no dia que o governo decidir descriminalizar a produção e consumo da suruma em quantidades medicinais.
Continuaremos a seguir os contornos do caso, uma vez que, em Namaacha, tal como outras áreas deste vasto país existem pessoas com mais hectares do que os quatro descobertos em Changalane. (O.O.)