Democracia em xeque: Fraude eleitoral ensombra cerimónia de tomada de posse dos edis

Ontem, quarta-feira, dia 7 de Janeiro, tomaram posse os 65 edis eleitos nas eleições autárquicas de 11 de Outubro, repetidas em alguns municípios a 10 de Dezembro de 2023. No entanto, a tónica dessas eleições foi a fraude engendrada pelos órgãos de gestão eleitoral e chancelada pelo Conselho Constitucional, distorcendo a vontade do povo expressa nas urnas.

Fevereiro 8, 2024 - 22:38
Junho 5, 2024 - 13:58
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Democracia em xeque: Fraude eleitoral ensombra cerimónia de tomada de posse dos edis

 

No mesmo dia, também foram empossados os membros das assembleias municipais das 65 autarquias. Em democracias representativas como a nossa, os dirigentes são eleitos pelo povo para representarem os seus interesses. No caso das eleições autárquicas, o edil e os membros das assembleias municipais atuam em nome do povo eleitor.

 

Entretanto, as eleições autárquicas de 2023 foram manchadas por irregularidades sem precedentes na curta história democrática de Moçambique, iniciada com as eleições de 1994. Dados de organizações não-governamentais e da contagem paralela da oposição, principalmente da Renamo, indicam que a "perdiz" venceu em pelo menos 20 municípios, incluindo os quatro oficialmente proclamados pelo Conselho Constitucional. Isso sugere que dos 60 municípios geridos pela Frelimo, pelo menos 16 foram conquistados fraudulentamente, desrespeitando a vontade popular expressa nas urnas.

 

É imperativo questionar a quem representam os 16 edis e os governos associados entregues à Frelimo. Estamos a falar dos edis de Maputo, Matola, Marracuene, Nampula, Nacala-Porto, Ilha de Moçambique, Marromeu, entre outros.

 

Considerando que em democracias representativas os dirigentes são eleitos pelo povo para representarem os seus interesses, surge uma nova questão: a quem representam Júlio Parruque, Shafee Sidat, Rasaque Manhique e Luís Giquira? Todos estes senhores e os seus governos são resultados da fraude, não da vontade do povo. Portanto, não representam o povo. Nesse sentido, a fraude, quando perpetrada por alguns segmentos dentro da Frelimo, distorce o alcance da democracia representativa.