IMD Tenta aproximar Chapo e Venâncio para pôr fim à crise pós-eleitoral
O Instituto para Democracia Multipartidária (IMD) está a intensificar esforços para aproximar o Presidente da República, Daniel Chapo, e o ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, com o objectivo de encontrar uma saída para a crise pós-eleitoral que tem gerado protestos violentos, mortes e destruição em várias regiões do país. O Director Executivo do IMD, Hemenegildo Mulhovo, revelou à TORRE.News que a organização, em conjunto com outras entidades da sociedade civil, está a trabalhar para viabilizar um diálogo entre os dois líderes políticos, numa tentativa de restaurar a estabilidade nacional.

A escalada da tensão entre Chapo e Mondlane tem sido visível nas últimas semanas, com ambos a endurecerem os seus discursos. Chapo tem reafirmado a disposição do governo em reprimir os protestos, chegando a declarar que essa luta poderá implicar “jorramento de sangue”. Por outro lado, Mondlane tem intensificado a mobilização popular, apelando ao boicote do governo e reforçando a sua posição como principal rosto da contestação.
O IMD acredita que a única solução viável para evitar o prolongamento do caos passa por um diálogo inclusivo. “O diálogo deve acontecer a todos os níveis e envolver todos os segmentos da sociedade. O envolvimento de Venâncio Mondlane e da sua equipa é fundamental. Ele é parte do problema e pode ser parte da solução. O nosso papel é aproximar as partes, e é isso que estamos a tentar fazer”, declarou Mulhovo.
Apesar de Mondlane estar formalmente excluído das negociações entre partidos políticos com assento parlamentar, que culminarão esta semana com a assinatura de um acordo político, Mulhovo considera que a sua exclusão é um erro estratégico. “Pode ser criado um formato específico para ele. Se o modelo actual não contempla a sua posição, isso não significa que ele deva ser ignorado”, defendeu.
O Director Executivo do IMD também alerta que a simples declaração de vontade por parte do governo para dialogar não é suficiente. “É preciso haver grupos de pressão para garantir que essa abertura se materialize, e é nisso que estamos a trabalhar”, explicou. Segundo Mulhovo, Mondlane representa uma parcela significativa da população que o vê como líder legítimo da oposição e que acata as suas orientações.
O analista político Tomás Vieira Mário reforça a necessidade de inclusão de Mondlane no diálogo, alertando para o risco de radicalização dos seus apoiantes caso sejam excluídos do processo. “Ele tem muitos apoiantes, principalmente jovens. Há um risco real de esses jovens interpretarem que, ao não incluir Mondlane, o governo está a ignorar as suas reivindicações. Isso pode aprofundar a crise e levar a uma maior instabilidade”, analisou.
Enquanto os esforços para promover o diálogo prosseguem, os partidos políticos preparam-se para assinar esta semana um acordo cujo conteúdo permanece desconhecido. A falta de transparência sobre os termos desse compromisso levanta dúvidas sobre a sua legitimidade e sobre a sua real capacidade de restaurar a estabilidade num país cada vez mais dividido.