Justiça francesa investiga TotalEnergies por homicídio involuntário ligado a ataque terrorista em Cabo Delgado

O Ministério Público de Nanterre, em França, abriu uma investigação judicial contra a TotalEnergies por suspeitas de homicídio involuntário e omissão de auxílio durante o ataque jihadista ocorrido em Palma, Moçambique, em Março de 2021. A informação foi avançada pela agência Reuters, que indica que a investigação surge na sequência de queixas apresentadas no final de 2023 por sobreviventes e familiares das vítimas, que acusam a empresa de não ter garantido a segurança dos seus trabalhadores e subcontratados durante a ofensiva armada. 

Março 19, 2025 - 10:50
Abril 25, 2025 - 10:42
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Justiça francesa investiga TotalEnergies por homicídio involuntário ligado a ataque terrorista em Cabo Delgado

O ataque, perpetrado por insurgentes ligados ao extremismo islâmico, resultou na morte de dezenas de civis e na fuga em massa de milhares de pessoas. Palma, situada na província de Cabo Delgado, era na altura um dos principais polos logísticos do projecto de gás natural liderado pela TotalEnergies. 

 Os queixosos alegam que a empresa não tomou medidas adequadas para proteger os trabalhadores do consórcio, especialmente os subcontratados, que ficaram encurralados durante o ataque sem qualquer apoio da multinacional francesa. A TotalEnergies, por sua vez, nega as acusações e garante que, durante o cerco, a sua equipa de operações prestou assistência de emergência e coordenou a evacuação de mais de 2.500 pessoas. 

 O caso levanta questões sobre a responsabilidade de grandes multinacionais em garantir a segurança dos seus funcionários e parceiros em zonas de conflito. Segundo a Reuters, a investigação judicial irá determinar se há fundamentos legais para levar a TotalEnergies a julgamento, o que pode estabelecer um precedente sobre a obrigação legal das empresas que operam em contextos de risco elevado. 

O desenrolar da investigação poderá ter implicações não apenas para a TotalEnergies, mas também para o futuro do megaprojecto de gás na Bacia do Rovuma, que representa um dos maiores investimentos estrangeiros em Moçambique.