Parque de Zinave “torna-se” santuário de reprodução de rinocerontes
O Parque Nacional do Zinave (PNZ), área de conservação transfronteiriça do Grande Limpopo está a tornar-se num verdadeiro santuário de rinocerontes, com o nascimento de quatro novas crias, nos últimos tempos, confirmando a existência de condições ecológicas favoráveis para a reprodução desta espécie em ameaça de extinção.
A reprodução de rinocerontes no PNZ, resulta da reintrodução da espécie, tendo a primeira cria nascido no santuário local em 2021 e baptizada pelo Chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, com o nome de Princesa Inocente. As restantes crias nasceram nos últimos 18 meses, algo que confirma a facilidade da adaptação dos animais à sua nova casa.
A reprodução da espécie anima os gestores da área de conservação, tanto a Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), bem como a Peace Parks Foundation (PPF), uma organização sul-africana que se notabiliza na mobilização de apoios para o repovoamento e implementação de projectos de apoio às comunidades que vivem a volta dos parques em Moçambique.
Falando a AIM, durante o processo de translocação para PNZ dos últimos 10 rinocerontes oriundos da vizinha África do Sul, ocorrido hoje, um exercício que completou o lote de 37, no quadro de projecto de repovoamento dos animais no PNZ, Bernard Van Lente, gestor de operações e desenevoamento da PPF no PNZ, apontou o Zinave como um espaço de eleição que reúne todas as condições ecológicas para a reprodução desta espécie.
“O Parque de Nacional de Zinave reúne condições ecológicas favoráveis para a reprodução dos rinocerontes. Moçambique é um verdadeiro paraíso para os animais com a sua fantástica vegetação”, assumiu Bernard da PPF.
Van Lente considera as duas espécies (preto e branco) dos rinocerontes reintroduzidas no Zinave como essenciais para o equilíbrio do ecossistema, sobretudo o rinoceronte preto, devido a sua raridade e risco de desaparecimento, reconhecendo que a vegetação abundante no local poderá jogar papel chave para o sucesso do projecto do incremento da população de rinocerontes em Moçambique e na região.
O administrador do PNZ a nível da ANAC, Pedro Pereira, também partilha a mesma opinião, afirmando que o nascimento das crias referidas confirma os estudos ecológicos que apontavam para a existência de condições propícias para a reprodução da espécie no Zinave. Até um passado recente apenas se ouvia falar de movimento de rinocerontes no Kruger Park.
A fonte da ANAC afirma que com o aumento da população de rinocerontes o Zinave vai garantir a translocação da espécie para outros pontos do país que reúnem condições propícias para receber os animais, quiçá para os países vizinhos, contribuindo dessa forma para o repovoamento, tanto no país, como na região.
“Neste momento quando se fala de Moçambique, podemos assegurar a existência de rinocerontes no Parque do Zinave. Isso significa que a posterior ao invés de buscar rinocerontes na África do Sul, as outras áreas de conservação poderão ir ao Zinave”, disse administrador do PNZ.
Revelou que, paralelamente ao repovoamento da fauna bravia naquela área de conservação estão em curso várias actividades, incluindo a construção de infra-estruturas turísticas para tornar o local mais atractivo para o desenvolvimento do ecoturismo.
A ascensão do parque obrigou a redobrar as acções de fiscalização com meios tecnológicos, incluindo, sistemas de controlo e vigilância, meios aéreos (uma avioneta e um helicóptero).
Graças a estes meios foi possível capturar quatro caçadores furtivos, contra os quais já foram instaurados processos-crime.
“De 2021 a esta incrementamos o número de fiscais de 30 para 80, com capacitação constante em técnicas e sistemas tecnológicos de acompanhamento da movimentação de animais. Outras iniciativas incluem patrulhas terrestres e aéreas diárias numa área de 400 mil hectares do parque, incluindo os 18.600 mil hectares que compõem o santuário.
ANAC confirmou que actualmente, o santuário do Zinave tem perto de cinco mil animais, número que poderá ser confirmado através de um censo aéreo ainda por realizar este ano.
O rápido aumento dos animais obrigou o parque a expandir o santuário, saindo dos 18.600 hectares para 33 mil hectares, como forma de responder as dinâmicas da reprodução animal local.