Primeira fricção na coligação Sul-Africana: DA exige punição de Ramaphosa
Mesmo depois da constituição de um governo de coligação na África do Sul, designado por “governo de unidade nacional”, a Aliança Democrática continua com o propósito de punir Ramaphosa por um diferendo havido na fase da pré-campanha.
A Aliança Democrática, segundo partido mais votado na África do Sul, levou a tribunal o Congresso Nacional Africano (ANC), o partido com o qual governa o país, por causa de um discurso pré-eleitoral proferido em Maio pelo Presidente Cyril Ramaphosa, exigindo a sua punição.
Trata-se de um primeiro sinal de fricção entre os novos parceiros da coligação. Os documentos judiciais foram apresentados ao Tribunal Eleitoral pelo DA em Maio, antes de entrar numa coligação com o ANC, mas este decidiu avançar com o processo.
O DA pediu ao tribunal que deduzisse 1% dos votos recebidos pelo ANC nas eleições nacionais de 29 de Maio e que multasse Ramaphosa, o líder do ANC, em 10.900 dólares norte-americanos e o seu partido em 5.450 dólares norte-americanos, devido ao que argumenta ter sido um discurso presidencial que foi utilizado para campanha eleitoral e que constituiu um abuso de poder.
O ANC respondeu na quinta-feira chamando à acção legal do DA “frívola e injustificada” e disse que o presidente estava a seguir a constituição quando fez o discurso.
Ramaphosa fez o discurso três dias antes das eleições, na sua qualidade de chefe de Estado, mas usou partes do mesmo para destacar o que disse serem sucessos do ANC durante os seus 30 anos de governo como partido governamental da África do Sul.
O DA argumenta que as regras eleitorais não permitem que ele se envolva em política partidária e faça campanha para o ANC quando fala como presidente.
O ANC perdeu a sua maioria de longa data nas eleições históricas, quando obteve apenas 40% dos votos. Tal obrigou-o a criar, pela primeira vez, um governo de coligação para dirigir o país mais industrializado de África.
O DA - o segundo maior partido com 21% dos votos - é um dos sete partidos representados no gabinete de Ramaphosa, apesar de ter sido anteriormente o mais feroz crítico do ANC.
A coligação, designada por “governo de unidade nacional”, criou um novo cenário político para a África do Sul, depois de o ANC ter governado desde o fim do sistema de apartheid, em 1994.
As eleições foram a primeira vez na jovem democracia sul-africana que mais pessoas votaram noutros partidos, retirando o domínio à organização outrora liderada por Nelson Mandela.