Venâncio Mondlane promete justiça para os "Madgermanes"
O candidato presidencial da Coligação Aliança Democrática (CAD), Venâncio Mondlane, prometeu reativar o processo dos "Madgermanes", trabalhadores moçambicanos na antiga República Democrática Alemã (RDA) que não receberam os salários descontados para Moçambique. Em encontro com a comunidade moçambicana na Alemanha, Mondlane comprometeu-se a resolver a questão caso seja eleito, sublinhando a necessidade de indemnização e aproveitamento das capacidades desses trabalhadores. O caso, que se arrasta há mais de 30 anos, continua sem resolução, apesar das transferências financeiras feitas pela Alemanha para Moçambique.
Na altura, vários trabalhadores moçambicanos na antiga República Democrática Alemã (RDA) descontaram até 60% dos seus salários para receberem em Moçambique. No entanto, ao regressarem ao país, descobriram que o governo não canalizou a verba aos legítimos donos. Este processo, que se arrasta há décadas, ainda não conheceu um desfecho satisfatório.
Num encontro com a comunidade moçambicana residente na Alemanha, Venâncio Mondlane assegurou que, caso ascenda ao poder, vai reativar este caso. “Este é um dossier que estudei, conversei com pessoas, partilhei esta dor. Estou profundamente solidário com o processo dos Madgermanes e assumo o compromisso de encerrar este dossier a favor dos moçambicanos. São moçambicanos humilhados, marginalizados e desamparados pelo próprio Estado moçambicano”, prometeu o candidato.
Para Venâncio, o Estado não tem outra saída senão pagar aos antigos trabalhadores e, até, indemnizá-los pelos danos causados ao longo do tempo. Sublinhou que os legítimos donos do dinheiro foram privados de usufruir do resultado do seu esforço na diáspora, situação que levou alguns à morte, à incapacidade ou invalidez, algo que poderia ter sido evitado.
“Quando falamos do orgulho de ser moçambicano, passa por estas questões. O Estado tem capacidade para encerrar este processo. Dinheiro há; o Estado gasta tanto dinheiro com coisas inúteis e supérfluas”, argumentou Mondlane.
Segundo Mondlane, se houvesse boa fé e vontade, apenas com o dinheiro das mais-valias, na ordem dos 800 milhões de dólares norte-americanos, que o Estado encaixou com a venda de acções no bloco da bacia do Rovuma, teria resolvido esse e outros problemas que inquietam o povo moçambicano. “Na altura, eu estava no parlamento e, quando questionamos sobre os 800 milhões de dólares, o governo disse que havia usado o valor para eventualidades”, referiu.
Mondlane prometeu também fazer um levantamento das qualidades e capacidades dos Madgermanes que se encontram sem ocupação nas ruas de Moçambique, para que possam servir ao país com a sua experiência e o conhecimento adquirido na Alemanha. “O conhecimento dos antigos trabalhadores moçambicanos na Alemanha é um património nacional e deve ser capitalizado”, disse.
Numa audiência de pouco mais de 200 pessoas, a comunidade moçambicana na Alemanha procurou saber vários aspectos do país e as ideias do candidato presidencial para quando chegar à Ponta Vermelha.
Refira-se que “Madgermanes” é o termo utilizado para descrever os trabalhadores moçambicanos contratados temporariamente pela extinta República Democrática Alemã. Os contratos foram negociados entre os governos da RDA e de Moçambique, e mais de 30 anos depois, parte dos pagamentos pelos serviços prestados continua pendente. A Alemanha refuta qualquer responsabilidade financeira, afirmando que transferiu na totalidade para Moçambique os descontos feitos.
Esta promessa de reativação do processo dos Madgermanes por Venâncio Mondlane traz um raio de esperança para muitos moçambicanos que ainda aguardam justiça e compensação pelos anos de trabalho na diáspora.
