Dom Carlos Matsinhe sobre as eleições fraudulentas na Venezuela: "Aprendemos muitas lições"

A comissão eleitoral venezuelana proclamou Nicolás Maduro como vencedor das eleições de Domingo último, num processo que segue marcado por manifestações e notas de condenação às práticas fraudulentas que caracterizaram a votação. Os Estados Unidos da América (EUA) acusaram a Venezuela de manipulação eleitoral e ponderam aplicar sanções, mas, surpreendentemente, Dom Carlos Matsinhe disse que aprendeu muitas lições durante o processo naquele país.

Julho 30, 2024 - 13:11
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Dom Carlos Matsinhe sobre as eleições fraudulentas na Venezuela: "Aprendemos muitas lições"

O presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Dom Carlos Matsinhe, diz que a missão de observação das eleições de Domingo último na Venezuela, dirigida por si, aprendeu muitas lições do processo eleitoral venezuelano durante os dias de trabalho, numa altura em que observadores locais descrevem a eleição como fraudulenta.

Mesmo com as manifestações que eclodiram em protesto à reeleição de Nicolás Maduro, Matsinhe diz que a competição dos partidos políticos não se baseou num espírito de inimizade ou de insultos e ameaças entre si, mas sim na apresentação das suas convicções e linhas ideológicas, respeitando as suas leis e a sua dignidade colectiva.

“Em suma, são muitas, mas simples, as lições que registámos nos poucos dias de trabalho da nossa missão de observação”, lê-se numa nota da CNE.

Depois da eleição, a Venezuela cortou relações com alguns países, incluindo a Argentina, acusando-os de tentativa de interferência nas eleições e CNE local afirma ter sofrido ataque durante o apuramento dos resultados.

Na sequência das manifestações pela vitória de Maduro anunciada pela comissão eleitoral local, a imprensa espanhola avança que já morreram pelo menos sete jovens.

Nicolás Maduro assume que houve "dezenas de detenções" por acções "criminosas e terroristas", responsabilizando a oposição.

A par dos protestos, o candidato da oposição nas presidenciais, Edmundo González, anunciou que a sua campanha tem as provas necessárias para mostrar que venceu a eleição. González e a líder da oposição, Maria Corina Machado, garantem que tiveram acesso a 70% dos boletins de voto e que González tinha mais do dobro dos votos de Maduro.

Os manifestantes derrubaram, também, uma estátua que representava o falecido presidente Hugo Chávez, mentor de Maduro. O Observatório Venezuelano de Conflitos disse ter registado 187 protestos em 20 estados.

Informações dos órgãos eleitorais locais indicam que Maduro venceu as eleições por 51.2%, contra 44.2% de Edmundo González, o segundo mais votado.