EDM corta energia em escolas e instituições sociais, mas ministérios mantêm dívidas elevadas

A Electricidade de Moçambique (EDM), empresa pública, tem efectuado cortes implacáveis às instituições que falham no pagamento das suas facturas de energia.

Julho 3, 2024 - 13:08
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EDM corta energia em escolas e instituições sociais, mas ministérios mantêm dívidas elevadas

Entre as instituições afectadas, encontram-se escolas públicas, hospitais, esquadras e direcções provinciais, geralmente aquelas de menor expressão e com dívidas abaixo de 1 milhão de meticais.

Contudo, alguns ministérios relevantes, incluindo o Ministério de Recursos Minerais e Energia, que tem uma dívida superior a 2 milhões de meticais, têm escapado aos cortes.

Segundo apurou a TORRE.News, este ministério não é o único com dívidas avultadas que não são alvo de cortes por parte da EDM.

As instituições penalizadas pelos cortes não compreendem a dualidade de critérios utilizada pela EDM, considerando a medida extrema e prejudicial ao funcionamento do aparelho do Estado.

Martinho Namburete, director da Escola Secundária Eduardo Mondlane, na cidade de Maputo, confirma que a sua unidade escolar sofre com cortes frequentes de fornecimento de energia devido aos atrasos no pagamento das facturas, gerido pela Direcção Provincial de Educação, através do sistema E-SISTAF, que é muitas vezes lento devido à burocracias.

“Estamos a enfrentar desafios devido à necessidade de suportar tanto o curso nocturno quanto o diurno. A falta de energia impede a realização das aulas no período nocturno, o que tem impactado directamente o funcionamento da escola”, afirmou Namburete.

Ele também ressaltou que o pagamento das facturas de energia é responsabilidade da Direcção de Educação, cabendo à escola manter comunicação constante para lidar com estas questões.

A Escola Secundária Estrela Vermelha, também na cidade de Maputo, enfrenta o mesmo problema. Uma fonte anónima informou à TORRE.News que os cortes de energia têm um impacto negativo no processo de ensino e aprendizagem, pois sem electricidade, o equipamento informático disponível para os estudantes torna-se inútil.

“Sem energia esses computadores, esse equipamento tecnológico não agrega nenhum valor ao processo de ensino”, lamentou a fonte.

Na cidade da Matola, província de Maputo, as direcções provinciais também relatam cortes de energia devido a dívidas, principalmente em instituições cuja actividade não gera receita.

Este problema é gerido em silêncio, sem gravação de entrevistas, uma vez que a responsabilidade de canalizar os fundos para estas despesas é do governo central, que não o faz regularmente.

Uma fonte no sector de energia fora da rede, que preferiu permanecer anónima, criticou a EDM por efectuar cortes em escolas e instituições sociais, enquanto investe pesadamente no projecto de acesso universal à energia.

Para esta fonte, os cortes podem estar em contramão com a iniciativa governamental de massificação do acesso à energia e defende que a EDM deveria encontrar uma solução com o Ministério de Economia e Finanças para evitar paralisar instituições públicas.

Numa peça anterior divulgada pela TORRE.News, a EDM reconheceu que a electrificação do país é bastante onerosa, mas assegurou estar pronta para materializar o projecto “Energia para Todos”.

Antes da conclusão desta matéria, a TORRE.News contactou a EDM para obter explicações sobre os critérios dos cortes de energia. A empresa solicitou o envio de questões, mas até à publicação deste artigo, não havia resposta ao questionário.