EUA acusa "magnata" com empresas em Moçambique por corrupção com ex-PR da Zâmbia

O ex-presidente da Zâmbia, Edgar Lungu, está sob investigação por suspeitas de corrupção, em conjunto com o empresário da construção civil, Michelo Shakantu. A investigação é conduzida pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, sigla em inglês), uma organização com sede em Washington, nos Estados Unidos da América (EUA).

Junho 21, 2024 - 08:40
Junho 21, 2024 - 08:54
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EUA acusa "magnata" com empresas em Moçambique por corrupção com ex-PR da Zâmbia

A acusação contra o ex-presidente Lungu centra-se em alegações de que ele teria "acumulado riqueza através de actividades corruptas" no Eswatini, em parceria com Michelo Shakantu. Shakantu é marido da actual ministra dos Negócios Estrangeiros de Eswatini, que também já ocupou o cargo de ministra da Justiça.

Michelo Shakantu é proprietário da Inyatsi Mozambique Lda, uma empresa que possui a NCC Mozambique Lda, parte do grupo Inyatsi Construction Group Holdings (Pty) Ltd, com sede em Eswatini.

Este grupo opera em diversos países africanos, incluindo Namíbia, Uganda, África do Sul e Zâmbia.

Em Moçambique, a Inyatsi Mozambique Lda, com um capital social de 13 milhões de meticais, foi adjudicada para as obras de ampliação da Estrada Nacional Número 4 (N4), no troço entre o Nó de Tchumene e o Novare.

Em 2020, o jornal "Eswatini News" acusou a empresa de Shakantu de práticas de corrupção que resultaram na pobreza de cerca de 700 mil cidadãos daquele país, devido ao desvio de fundos públicos.

"A corrupção neste país submeteu cerca de 700.000 cidadãos à pobreza. O governo está agora a lutar para pagar aos fornecedores, cada cêntimo vai para a Inyatsi e empresas ligadas aos sindicatos corruptos", relatou o jornal em 29 de Maio de 2020.

Michelo Shakantu, além de empresário, é casado com a actual ministra dos Negócios Estrangeiros de Eswatini, que foi igualmente acusada pelo "Eswatini News" de crimes como tráfico de drogas e contrabando de cigarros, usando rotas em Moçambique.

As acusações contra Edgar Lungu resultam de uma investigação sobre fluxos financeiros suspeitos em Eswatini, que envolvem 890.000 registos internos da Unidade de Informação Financeira de Eswatini (EFIU, sigla em inglês). Estes dados foram analisados por 38 jornalistas de 11 países diferentes.

De acordo com informações divulgadas pelo ICIJ, em 2019, investigadores zambianos solicitaram ajuda aos seus homólogos de Eswatini para investigar Lungu.

Contudo, foi apenas em 6 de Dezembro de 2021 que os investigadores de crimes financeiros da Zâmbia enviaram um memorando confidencial aos seus colegas em Eswatini.

Edgar Lungu, que liderou a Zâmbia de Janeiro de 2015 a Agosto de 2021, foi destituído sob acusações de corrupção e de ter um governo cada vez mais autoritário.