LAM derruba esperanças no Aeroporto de Nacala
O Aeroporto Internacional de Nacala, localizado na província de Nampula, norte de Moçambique, enfrenta um fraco aproveitamento, em grande parte devido aos problemas operacionais recorrentes das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM).
Este foi o cenário descrito pelo director do aeroporto, Inácio Samuel, em entrevista exclusiva à TORRE.News.
Segundo Samuel, muitos passageiros que operam nas proximidades do Aeroporto de Nacala preferem deslocar-se até ao Aeroporto de Nampula, situado a cerca de 250 quilómetros, para apanhar os seus voos.
A razão principal é a instabilidade dos voos operados pela LAM a partir de Nacala, que frequentemente sofrem adiamentos e cancelamentos, deixando os passageiros sem alternativas viáveis.
Em contraste, o Aeroporto de Nampula oferece mais opções de voo, recebendo vários aviões por dia, o que aumenta a confiança dos passageiros.
O Aeroporto Internacional de Nacala, por outro lado, apenas recebe um voo comercial por dia, com o número de passageiros variando entre 40 a 80, dependendo da demanda e do tipo de avião alocado pela LAM.
A situação foi exemplificada na última segunda-feira (26), quando a TORRE.News testemunhou a chegada de um voo operado pela LAM com aproximadamente 70 passageiros, o que, segundo a direcção do aeroporto, representou um dos maiores aviões utilizados nas rotas para Nacala.
"Às vezes, o nosso esforço em atrair passageiros para o aeroporto acaba por ser infrutífero devido aos problemas que a própria LAM apresenta", lamentou Samuel.
"Quando a LAM cancela um voo uma, duas ou três vezes, deixa de criar uma sensação de segurança e confiança nos passageiros, que acabam por preferir aeroportos com maior fluxo e opções de voo, como Nampula", acrescentou.
Este cenário deixa o Aeroporto de Nacala, uma infraestrutura concebida para receber aeronaves de grande porte, com uma pista de mais de 3 mil metros de comprimento e 45 metros de largura, praticamente deserto durante grande parte do tempo.
Nos fins de semana, o aeroporto fecha as portas, e a infraestrutura permanece inativa, a ponto de, num domingo, crianças serem vistas a brincar ao longo da pista.
O movimento reduzido no Aeroporto de Nacala reflete-se igualmente na ocupação dos espaços comerciais dentro da infraestrutura.
Actualmente, apenas cerca de seis lojas estão em funcionamento, enquanto mais de 25 permanecem vazias, uma consequência direta do reduzido fluxo de pessoas.
Inaugurado em Dezembro de 2014, o Aeroporto Internacional de Nacala foi projectado para atender uma média de 500 mil passageiros e manusear cinco mil toneladas de carga por ano.
A infraestrutura resultou da conversão de um aeroporto militar para comercial, numa obra executada pela companhia brasileira Odebrecht, com um investimento que variou entre 125 a 200 milhões de dólares.
Contudo, a realidade actual contrasta com as expectativas iniciais, sendo o fraco movimento e a baixa rentabilidade grandes desafios para a administração.