Maputo, Sofala e Zambézia: As escolhas estratégicas dos candidatos à presidência
Os candidatos à presidência da república de Moçambique definiram os locais onde iniciarão a sua campanha eleitoral, marcando o início de uma maratona de 45 dias que culminará com as eleições de 09 de Outubro.
Daniel Chapo, Ossufo Momade, Lutero Simango e Venâncio Mondlane, todos concorrentes à presidência, fizeram escolhas estratégicas sobre os pontos de partida das suas campanhas.
Três dos candidatos optaram pela região centro do país, em particular pelas províncias de Sofala e Zambézia. Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, escolheu Sofala, provavelmente por ser a sua terra natal. A escolha é vista como uma tentativa de capitalizar o apoio local, onde o candidato espera mobilizar eleitores com base em laços regionais.
Lutero Simango, por sua vez, também escolheu Sofala, onde o seu partido, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), governa o município da Beira sob a liderança de Albano Carige. Esta decisão reflete uma estratégia de consolidar a posição do MDM na Beira, uma cidade onde o partido já tem uma forte presença.
Ossufo Momade, apesar de ser natural de Nampula, decidiu lançar a sua campanha em Quelimane, na Zambézia. Esta escolha foi, provavelmente, influenciada pela forte presença da Renamo na região, especialmente sob a liderança de Manuel de Araújo, o edil de Quelimane.
A Renamo tem historicamente encontrado forte apoio nesta província, tornando-a um local estratégico para iniciar a campanha.
Venâncio Mondlane, que concorre com o suporte do partido PODEMOS, escolheu Maputo, no sul do país, como ponto de partida da sua campanha. Esta escolha pode estar ligada à tentativa de fortalecer a sua base no sul, onde a competição é intensa e o eleitorado é diversificado.
Wilker Dias, analista político, interpreta as escolhas de Chapo e Simango em Sofala como um reflexo do desejo de ambos os candidatos de tirar proveito das suas conexões locais.
Ele observa que a competição entre os dois em Sofala pode resultar numa dinâmica interessante, uma vez que Simango pode ter mais influência na cidade da Beira, enquanto Chapo pode contar com o apoio de eleitores em áreas como Inhaminga, a sua terra natal.
Dias também considera a escolha de Momade como estratégica, dado que a Zambézia faz fronteira com Nampula, a sua terra natal, e é uma província onde a Renamo tem conseguido expandir a sua influência.
A cidade da Beira, tradicional bastião do MDM, e Quelimane têm sido preferidos como pontos de lançamento de campanhas eleitorais desde 2019, destacando-se como cenários importantes na política moçambicana.
Estas escolhas reflectem as diferentes estratégias dos candidatos, que procuram maximizar o apoio nas suas bases de força e consolidar a sua presença em regiões-chave antes da votação de Outubro.