Monopólio da LAM com “dias contados”: Três companhias aéreas interessadas no mercado moçambicano
A hegemonia das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) pode estar prestes a terminar, abrindo caminho para uma nova era na aviação civil nacional. Três companhias estrangeiras manifestaram interesse em operar no espaço aéreo moçambicano, numa altura em que a transportadora de bandeira enfrenta uma crise profunda, com serviços deteriorados, denúncias de corrupção e crescente insatisfação dos passageiros. A entrada de novos operadores poderá pôr fim ao monopólio da LAM e oferecer alternativas a um mercado há muito carente de competitividade e eficiência.

A informação foi confirmada pelo Presidente do Conselho de Administração do Instituto de Aviação Civil de Moçambique (IACM), comandante João de Abreu, em entrevista à TORRE.News. O responsável assegurou que o processo está a ser analisado com prudência, mas destacou que as empresas interessadas são renomadas no setor da aviação civil.
“O processo está a ser analisado com prudência, até que ganhe consistência e se transforme numa proposta concreta”, afirmou Abreu, sublinhando que a possível entrada de novos operadores poderá oferecer alternativas aos passageiros moçambicanos, há muito insatisfeitos com os serviços da LAM.
A companhia de bandeira tem sido alvo de sucessivas críticas devido à baixa qualidade dos seus serviços, marcada por atrasos, cancelamentos de voos sem aviso prévio, má gestão de bagagens e um número reduzido de aeronaves operacionais. A situação tornou-se ainda mais grave com as recentes denúncias de esquemas de extorsão no transporte de bagagens, onde passageiros são forçados a pagar entre 500 e 1000 meticais para garantir que as suas malas sejam incluídas no mesmo voo.
Desde 2022, a LAM enfrenta uma situação de falência técnica. Para evitar o colapso total da companhia, o governo decidiu alienar 91% das suas ações às empresas Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique, Hidroeléctrica de Cahora Bassa e à seguradora EMOSE, numa tentativa de arrecadar 130 milhões de dólares para a recapitalização da transportadora aérea. Contudo, até ao momento, a empresa continua a operar sem melhorias significativas, deixando passageiros e o setor empresarial à mercê de um serviço deficiente.
O impacto da ineficiência da LAM tem sido particularmente prejudicial para o setor empresarial, que reporta perdas devido à falta de fiabilidade da companhia. O mercado moçambicano apresenta um elevado potencial de crescimento no setor da aviação, e a entrada de novos operadores poderá criar um ambiente mais competitivo, promovendo a melhoria dos serviços e gerando novas oportunidades de emprego.
Enquanto as negociações avançam, os passageiros continuam sem alternativas, obrigados a suportar os recorrentes problemas operacionais da LAM. O futuro da aviação civil em Moçambique dependerá, nos próximos meses, da capacidade do governo e das entidades reguladoras em viabilizar a abertura do mercado e garantir que a concorrência traga benefícios reais aos consumidores.