Muchanga propõe ser voz do silencioso Momade
António Muchanga, deputado e figura proeminente da RENAMO, principal partido da oposição em Moçambique, causou controvérsia ao propor-se publicamente para substituir o seu líder, Ossufo Momade, em debates televisivos sobre planos de governação no contexto da pré-campanha eleitoral.

A proposta, feita recentemente na entrevista à TV Sucesso em Maputo, foi interpretada por muitos como um sinal de fragilidade na liderança de Momade.
Durante a sua intervenção, Muchanga afirmou estar disposto a debater em nome de Ossufo Momade, numa resposta directa aos críticos que têm desafiado o líder da RENAMO a participar nos grandes debates públicos.
"Aqueles que andam a desafiar o presidente Ossufo, eu me predisponho para vir aqui no lugar dele e debater com esses que andam a falar por aí. Se vocês estão preparados, venham debater comigo", declarou.
A predisposição de Muchanga para representar o seu chefe em matérias que tradicionalmente não se delegam, como a apresentação de ideias de governação, trouxe à tona a narrativa de que Ossufo Momade evita os debates públicos.
Este cenário tem gerado dúvidas e preocupações entre o público, dado que até agora não se ouviu uma apresentação clara das suas ideias para o futuro do país.
Enquanto os outros candidatos presidenciais — Daniel Chapo da FRELIMO, Lutero Simango do Movimento Democrático de Moçambique e Venâncio Mondlane, candidato independente — já apareceram publicamente para expor as suas visões de governação, Ossufo Momade permanece notavelmente ausente desses diálogos.
Nas redes sociais, a proposta de Muchanga foi amplamente criticada, com muitos internautas a exigir que seja o próprio Ossufo Momade a participar nos debates públicos.
Comentários nas plataformas digitais variaram entre críticas à liderança de Momade e reprovações à ideia de delegar a função de debater a outra pessoa.
"Por acaso ele não sabe falar?", questionou um utilizador no Facebook. Outro internauta escreveu: "Não queremos o cão, queremos o dono do cão."
As reacções intensas nas redes sociais revelam um sentimento generalizado de insatisfação com a ausência de Momade nos debates e levantam sérias questões sobre a capacidade do líder da RENAMO de acrescentar valor ao país caso seja eleito Presidente da República.
As declarações de Muchanga, embora possam ter sido feitas na tentativa de proteger o seu líder, acabaram por, involuntariamente, reforçar a percepção pública de incompetência na liderança de Ossufo Momade.