Nyusi justifica acção da polícia durante manifestações e apela à serenidade
O Presidente da República, Filipe Nyusi, pronunciou-se hoje sobre as recentes manifestações ocorridas no país, justificando a acção da Polícia da República de Moçambique (PRM) na utilização de meios de controlo de massas para restaurar a ordem pública. Durante a sua comunicação à nação, Nyusi explicou que os protestos, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, degeneraram em actos de violência e bloqueios que ameaçaram a segurança pública, o que forçou a intervenção das forças de segurança.

Nyusi destacou que as manifestações, realizadas na última segunda-feira, 21 de Outubro, foram marcadas por bloqueios de vias, queima de pneus, arremesso de pedras e vandalismo, incluindo em importantes vias públicas como a Estrada Nacional Nº 1. Tais acções, segundo o Presidente, tornaram inevitável a intervenção da polícia. “A PRM foi obrigada a recorrer aos meios de controlo de massas. Não estou a questionar como foram usados, mas houve necessidade de agir para repor a ordem”, afirmou.
O Presidente reconheceu o direito dos moçambicanos à manifestação e à liberdade de expressão, garantidos pela Constituição, mas alertou que esses direitos devem ser exercidos de acordo com as leis e regulamentos vigentes no país. "Moçambique é um Estado de Direito Democrático, e todos devemos respeitar as normas estabelecidas para o exercício dos nossos direitos", frisou Nyusi, lamentando que este princípio tenha sido violado durante os protestos.
Durante os confrontos, diversos cidadãos e membros da polícia ficaram feridos, sendo socorridos para unidades de saúde. O Presidente também lamentou profundamente que jornalistas, que estavam no local para cumprir o seu dever de informar, tenham sido atingidos pelos meios de dispersão. “Lamentamos profundamente este facto,” declarou Nyusi.
Além disso, o Presidente apelou à responsabilidade dos candidatos presidenciais, referindo-se à necessidade de uma conduta exemplar por parte dos líderes políticos. “Os líderes devem liderar pelo exemplo. Não podemos incitar a população ao desrespeito pelas leis”, disse Nyusi, numa crítica implícita ao candidato Venâncio Mondlane, que convocou as manifestações.
Nyusi expressou preocupação face às novas manifestações marcadas para os dias 24 e 25 de Outubro, questionando a razão de se promoverem protestos antes da conclusão oficial do processo eleitoral. “Como pode alguém saber que perdeu ou ganhou antes de os resultados serem anunciados? Isso inquieta não só os moçambicanos, mas também a comunidade internacional”, afirmou o Chefe de Estado, destacando as chamadas que tem recebido de empresários e líderes de todo o mundo.
O Presidente apelou à serenidade e pediu à população que aguarde calmamente o desfecho do processo eleitoral, continuando com as suas actividades diárias em prol do desenvolvimento do país. “Vamos virar a página e concentrar-nos em construir um futuro melhor para as novas gerações”, apelou.
Por fim, Nyusi advertiu que o trágico assassinato de Elvino Dias e Paulo Guambe não deve ser usado como pretexto para gerar mais violência no país. Sublinhou que as investigações estão em curso, e que ainda não se conhecem as motivações nem os responsáveis pelo crime.