PGR alerta: Corrupção ameaça segurança nacional

A Procuradora-Geral da República de Moçambique, Beatriz Buchili, manifestou preocupação com a relação entre a corrupção e o terrorismo, durante a tomada de posse da nova directora do Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC), Glória da Conceição Adamo, em Maputo. Buchili destacou a necessidade de adotar uma nova dinâmica no combate à corrupção e crimes conexos, como parte da estratégia da Procuradoria-Geral da República.

Setembro 16, 2024 - 19:01
Setembro 16, 2024 - 19:07
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PGR alerta: Corrupção ameaça segurança nacional
Procuradora Geral, Beatriz Buchili

Glória da Conceição Adamo, que substitui Ana Gemo, ex-diretora do GCCC durante 16 anos, assume o cargo com o desafio de intensificar a luta contra a corrupção. O porta-voz do GCCC, Romualdo Johnam, referiu que os resultados do primeiro semestre deste ano são fruto da articulação entre o Ministério Público e várias instituições públicas e privadas.

Buchili sublinhou que a corrupção contribui para o crime organizado, incluindo o financiamento do terrorismo, o branqueamento de capitais, imigração ilegal, raptos, e tráfico de drogas e pessoas. "Não podemos normalizar atos de corrupção que facilitam a prática de crimes graves, como o terrorismo," afirmou a Procuradora-Geral.

A insurgência armada na província de Cabo Delgado, associada a grupos extremistas ligados ao Estado Islâmico, continua a ser um grande desafio para Moçambique. O mais recente ataque de grandes proporções ocorreu em Maio deste ano, na vila de Macomia, onde insurgentes confrontaram as Forças de Defesa e militares ruandeses.

Buchili criticou ainda a falta de integridade por parte dos servidores públicos, que contribui para a dilapidação dos recursos naturais e desvia fundos essenciais ao desenvolvimento de serviços básicos. "A corrupção mina a confiança da população nas instituições e desvia recursos que poderiam ser usados para melhorar os serviços essenciais," afirmou.

A Procuradora-Geral também enfatizou a importância de uma cooperação internacional eficaz no combate à corrupção, descrevendo-a como "um crime que transcende fronteiras."

Nos últimos seis meses, o GCCC recuperou bens avaliados em cerca de 128 milhões de meticais (quase dois milhões de euros) em casos de corrupção. O Ministério Público recuperou, no mesmo período, seis imóveis avaliados em 126 milhões de meticais (1,8 milhões de euros) e uma viatura no valor de 1,3 milhões de meticais (18 mil euros), tendo tramitado 1.328 processos.