Renamo acusa Chapo de violar Acordo de Paz ao “desenterrar machados de guerra”

A Renamo acusa o Presidente da República, Daniel Chapo, de estar a violar os compromissos assumidos no Acordo de Cessação Definitiva das Hostilidades Militares, assinado em 2019, ao estabelecer paralelismos entre as manifestações em curso no país e a actuação do partido durante a guerra civil. Segundo a formação política, essa abordagem reabre feridas do passado e põe em causa a reconciliação nacional.

Fevereiro 26, 2025 - 12:16
Abril 25, 2025 - 10:27
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Renamo acusa Chapo de violar Acordo de Paz ao “desenterrar machados de guerra”

As declarações de Chapo, proferidas recentemente durante a sua visita a Cabo Delgado, onde associou os protestos à actuação dos Naparamas, às acções de grupos insurgentes e ao terrorismo que assola o norte do país desde 2017, caíram mal no seio da Renamo, que considera tais pronunciamentos um atentado aos avanços da paz. 

Saimon Macuiane, quadro sénior da Renamo, afirmou à TORRE.News que o partido não encontra justificação para o Chefe de Estado recorrer ao passado da Renamo para contextualizar as manifestações, uma vez que os acordos de paz implicam que esse capítulo foi encerrado. 

“Chapo está a tentar desenterrar machados de guerra. Nós assinámos acordos de paz definitiva com o Governo de Moçambique, e isso pressupõe que tudo está ultrapassado. Estamos em reconciliação, e esses pronunciamentos são estranhos. A Renamo está comprometida com a paz e não pode ser colocada em situações do género, declarou Macuiane. 

A direcção do partido está a avaliar a situação e poderá pronunciar-se nos próximos dias, pois entende que essas declarações podem comprometer os progressos alcançados no processo de pacificação do país, uma conquista que a Renamo pretende preservar a todo o custo. 

O discurso de Chapo em Cabo Delgado continua sob forte escrutínio público, especialmente pelo tom com que o Presidente prometeu combater as manifestações violentas, sugerindo que a nação estaria disposta a jorrar sangue para estancar o fenómeno. A declaração surge num momento em que diversos sectores da sociedade defendem uma solução pacífica e baseada no diálogo. 

Face à polémica gerada, Chapo repudiou hoje, em Pemba, as interpretações feitas ao seu discurso, alegando que partes das suas declarações foram retiradas do contexto original para influenciar negativamente a opinião pública. 

“Foram retiradas palavras do contexto original, com o objectivo de manipular a opinião pública”, afirmou o Chefe de Estado, durante a Sessão Ordinária do Conselho de Ministros. 

O Presidente reiterou que as suas palavras foram dirigidas especificamente às manifestações violentas, caracterizadas por saques, vandalismo e destruição de bens públicos e privados, e não a protestos pacíficos, como tem sido sugerido em algumas plataformas digitais.