Sob pressão, Ossufo Momade resiste e adia Conselho Nacional
O líder da Renamo, Ossufo Momade, enfrenta uma crescente pressão interna após a derrota histórica do partido nas eleições gerais de 2024, mas decidiu adiar a realização do Conselho Nacional para depois da proclamação oficial dos resultados pelo Conselho Constitucional. A decisão foi confirmada hoje por Arnaldo Chalaua, presidente do Conselho Jurisdicional da Renamo, que apontou dificuldades financeiras como um dos motivos para o adiamento.
“O dinheiro pode estar na origem da demora na realização do Conselho Nacional, uma vez que estamos a sair de um processo eleitoral que exigiu recursos significativos”, justificou Chalaua.
A decisão ocorre num momento em que militantes e membros da Renamo aumentam as críticas à liderança de Momade, exigindo que este renuncie ao cargo. Há dois dias, um grupo de membros do partido reuniu-se na sede nacional, em Maputo, para pressionar pela sua saída, acusando-o de ser o responsável pelo que consideram um desempenho constrangedor e vergonhoso nas eleições.
Apesar das críticas, Chalaua assegurou que a situação interna será debatida no Conselho Nacional, onde se buscarão soluções para a crise que afecta o partido. “Exortamos aos militantes que mantenham a calma e não obstruam as actividades políticas normais do partido”, apelou.
A Renamo ainda mantém esperanças de melhorar a sua posição eleitoral, contestando os resultados divulgados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que colocam o PODEMOS como a segunda maior força política. Chalaua afirmou que o partido espera que o Conselho Constitucional reveja os números, argumentando que os dados oficiais não são fiáveis. “Os números divulgados pela CNE não são verídicos. Acreditamos que o voto rural poderá alterar o cenário a nosso favor”, declarou.
Além da crise política interna, a Renamo condenou a violência registada durante as manifestações recentes, particularmente o incidente na avenida Eduardo Mondlane, em Maputo, onde um carro blindado do exército atropelou uma cidadã durante uma marcha. O partido exige uma investigação rigorosa e responsabilização pelos actos.
Entretanto, a ala militar do partido também se junta às vozes que pedem a demissão de Ossufo Momade, alegando que este não tem defendido os interesses da Renamo nem dos seus guerrilheiros desmobilizados. Apesar das pressões, Momade continua a resistir, procurando adiar decisões que possam definir o futuro da sua liderança e o rumo do partido.
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