Terroristas escalam Pequeue e compram produtos alimentares dos comerciantes locais "sem usar violência"
Na ocasião, pediram para que a população não se agitasse, uma vez que objectivo era simplesmente adquirir mantimentos e depois se retirar da região.
Os residentes da localidade de Pequeue, no Posto administrativo de Mucojo, no distrito de Macomia, na província de Cabo Delgado vivenciaram na última terça-feira (13.06) com um acto incomum e que desde 2017 a esta parte não se verificava.
Segundo explicou uma fonte militar à "Integrity", eram cerca das 09 horas, quando três embarcações transportando vários elementos do grupo terrorista atracaram nas margens da praia de Pequeue com o objectivo de comprarem produtos alimentares diversos. Na ocasião, pediram para que a população não se agitasse, uma vez que objectivo era simplesmente adquirir mantimentos e depois se retirar da região.
Conforme garantiu uma outra fonte, o grupo estava composto por mais de 200 homens e todos armados, provavelmente proveniente das matas do Posto administrativo de Quiterajo, onde no passado dia 05 de junho do corrente ano, concretamente, na localidade de Ilala, um grupo de terroristas mandou parar uma viatura que transportava passageiros com intuito de aferir se a mesma não transportava, elementos das Forças de Defesa e Segurança (FDS) nacionais e estrangeiras.
Entretanto, a narrativa segundo a qual, o governo e alguns parceiros internacionais estão a negociar com terroristas para que aonde ataques terroristas chegue ao fim começa a ganhar força, até porque, um alto diplomata moçambicano confidenciou à nossa reportagem que o processo negocial já vem sendo realizado desde os finais do ano passado, com encontros distintos fora e dentro da província de Cabo Delgado, onde tentasse encontrar melhores saídas do conflito que já provocou mais de um milhão deslocados, vários mortos e feridos, tendo o ataque ao distrito de Palma, conforme o pesquisador e jornalista americano Alex Perry, o mais violento e que dizimou mais de 1300 pessoas. Situação esta que já levou o Bispo de Pemba, Dom António Juliasse Sandramo, a pedir luto nacional.
Os ataques terroristas em Cabo Delgado continuam a ocorrer em pequena escala, uma vez que, os terroristas decidiram concentrar todas suas forças nas densas matas de Macomia e Muidumbe, onde nos últimos dias ocorreram emboscadas e assaltos a posições das FDS.
Contudo, um artigo publicado no África News, citando o Director da CEP Hans-Jakob Schindler, a especialista em anti-terrorismo Jasmine Opperman, Martin Ewi, Coordenador do ISS e Ryan Cummings, analista e consultor de risco baseado em Cape Town, refere que documentos compartilhados por dissidentes do grupo terrorista revelam um apelo preocupante para a divisão equitativa dos recursos financeiros entre os afiliados do Estado Islâmico e outras organizações terroristas que actuam na Síria, RDC, Chade, Somália, Sahel e Moçambique. Os documentos partilhados realçam a necessidade da criação de um escritório económico dos terroristas que trabalhe na redistribuição de fundos para os afiliados. (Omardine Omar)