Veredicto final: Manuel Chang condenado pela justiça americana
O antigo ministro das Finanças, do Governo do Guebuza, Manuel Chang, foi ontem condenado em dois crimes por um júri do tribunal de Brooklyn em Nova York, nos Estados Unidos da América.
Ao fim de 22 dias de julgamento, numa batalha jurídica desgastante, o júri concluiu que Chang é culpado pelos menos por dois crimes de que era é acusado, designadamente, conspiração para cometer fraude em transferências financeiras e conspiração para lavagem de dinheiro, tendo sido absolvido do crime de conspiração para cometer fraude em valores mobiliários.
A sentença americana, prova que, Chang enquanto membro do governo, cometeu crimes de corrupção que lesaram significativamente os moçambicanos e colocaram o nome do país em causa nas principais praças financeiras internacionais.
"O veredicto de hoje é uma vitória inspiradora para a justiça e para o povo de Moçambique, que foi traído por um funcionário público corrupto de alto nível, cuja ganância e interesse próprio venderam um dos países mais pobres do mundo" - declarou o Procurador dos Estados Unidos que opera na jurisdição de Nova Iorque, Breaon Peace.
Desta forma, cai por terra a convicção de alguns analistas pro governo, que aventaram a hipótese do Chang ser ilibado, tal como sucedeu com libanês Jean Boustani, tido como principal mentor do escândalo das dívidas ocultas de Moçambique, que foi ilibado de todos crimes de que era acusado pelos Estados Unidos.
O ex-vendedor da empresa Prinvivest era acusado de conspiração para defraudar investidores, conspiração para cometer fraude por meios electrónicos e conspiração para lavagem de dinheiro.
O Chang teve sorte diferente e deve cumprir uma pena ainda por anunciar por parte do júri americano.
Em matérias anteriores publicadas pela TORRE.news, o advogado Elísio de Sousa, conhecido como defensor do regime, disse que as probabilidades do réu moçambicano nos Estados Unidos ser ilibado eram maiores, alegadamente porque o sistema judicial local não tinha jurisdição para condenar Chang.
Refira-se, o governo moçambicano ainda não reagiu a sentença dos Estados Unidos de América, mas a TORRE.news sabe que as expectativas do executivo estão totalmente goradas, porque o Ministério Público sempre manifestou vontade de ver Chang a ser julgado no solo pátrio, onde deve enfrentar um processo autónomo ligado as dívidas ocultas.
Há semanas, o executivo “festejou” Estado moçambicano ganhou o processo de 3,1 mil milhões de dólares no Supremo Tribunal de Justiça de Inglaterra e País de Gales, em conexão com o Caso Dívidas Ocultas contraídas pela Privinvest, um grupo europeu de estaleiros navais baseado em Abu Dhabi.
A sentença foi proferida em Londres, pelo Juiz Robin Knowles, do Tribunal Comercial de Londres, é considerada de implicações substanciais para o panorama financeiro de Moçambique.
Reagindo a sentença favorável, o Governo através do vice-ministro de Economia e Finanças, Amílcar Tivane, explicou que a decisão do Tribunal Comercial de Londres era fruto da estratégia concebida pelas autoridades moçambicanas, que se alia na busca de uma solução viável para reduzir o impacto das dívidas ocultas na economia do país.
“O resultado que temos hoje a oportunidade de partilhar, em certa medida, reflecte ou vai do encontro a estratégia que foi desenhada desde o início. Portanto, desde que a República de Moçambique iniciou o processo de busca de uma solução para a mitigação do risco da exposição do país a essas dívidas”, disse Tivane.
Na mesma senda, o Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela veio a público dizer que Manuel Chang tinha devolvido sete milhões de dólares recebidos de suborno no âmbito das dívidas ocultas