Ossufo Momade pretende manter-se a todo custo para assegurar os milhões que recebe como líder do segundo partido mais votado

A organização não-governamental Centro de Integridade Pública (CIP) diz que Ossufo Momade quer manter a presidência da Renamo para forçar a candidatura à Presidência da República como forma de assegurar os milhões de meticais que recebe anualmente por via do Estatuto de Líder do Segundo Partido Mais Votado Com Assento Parlamentar.  

Janeiro 9, 2024 - 00:02
Junho 19, 2024 - 10:10
 1
Ossufo Momade pretende manter-se a todo custo para assegurar os milhões que recebe como líder do segundo partido mais votado

Segundo a organização não-governamental, Ossufo Momade recebeu entre 2021 e 2022 mais de 100 milhões de meticais. Ossufo Momade tem um salário mensal de mais de 200 mil meticais e uma infinidade de regalias.

“Entre 2021 e 2022, Ossufo Momade e o seu gabinete receberam mais de 100 milhões de meticais, transferidos dos fundos do Estado. Estas mordomias justificam a ríspida reacção da ala radical da Renamo em relação à vontade de Venâncio Mondlane e de Manuel de Araújo de se candidatarem à presidência do partido”, lê-se na publicação do CIP. 

Na semana passada, o porta-voz da Renamo, José Manteigas, disse que Ossufo Momade era a única figura, na Renamo, com perfil para candidato a Presidente da República, fechando, assim, as portas a mais candidaturas, em clara violação dos Estatutos da Renamo. 

Segundo o CIP,  pelas mordomias que Afonso Dhlakama evitou desde 2015 até à sua morte, Ossufo Momade e seus aliados próximos dentro do partido lutarão pela renovação do cargo de presidente da Renamo e, logo, candidato natural às eleições deste ano. 

“Só em 2022, o Gabinete de Ossufo Momade recebeu 68 milhões de meticais, o equivalente a 1 milhão de dólares.  Do orçamento total de 112.3 milhões de meticais (cerca de 1.8 milhão de dólares) dos dois anos, 70.8 milhões foram destinados para bens e serviços e os restantes 41.5 milhões foram gastos com o pessoal (salários e regalias)”, nota o CIP. 

A par dos milhões, Ossufo Momade tem direito a  remuneração, despesas de representação, subsídios mensais actualizados e gozar das regalias inerentes ao estatuto; meios de transporte do Estado; alienação de viatura; passaporte diplomático, para si, seu cônjuge e filhos menores ou incapazes; (um regime especial de protecção e segurança para salvaguardar a sua integridade física. Ossufo Momade tem ainda direito a  viajar em primeira classe e ter subsídio de reintegração. 

À luz do estatuto, Ossufo Momade está na terceira categoria salarial mais alta do Estado. O presidente da Renamo está enquadrado na terceira categoria salarial mais elevada na estrutura do Estado, com um salário base de 174.9 mil meticais (categoria 21A+66%).  

A este valor são adicionados 26 mil MT de subsídio de representação, correspondente a 15% do salário base, o que totaliza uma remuneração mensal de 200 mil meticais.  

Enquanto presidente da Renamo, Momade tem lugar no Conselho de Estado. “Perder a presidência da Renamo significa perder mais do que poder. Significa perder, também, uma série de regalias e a gestão de milhões alocados pelo Estado ao Gabinete do segundo maior partido”, diz o CIP.

TORRE