Ossufo Momade pretende manter-se a todo custo para assegurar os milhões que recebe como líder do segundo partido mais votado
A organização não-governamental Centro de Integridade Pública (CIP) diz que Ossufo Momade quer manter a presidência da Renamo para forçar a candidatura à Presidência da República como forma de assegurar os milhões de meticais que recebe anualmente por via do Estatuto de Líder do Segundo Partido Mais Votado Com Assento Parlamentar.
Segundo a organização não-governamental, Ossufo Momade recebeu entre 2021 e 2022 mais de 100 milhões de meticais. Ossufo Momade tem um salário mensal de mais de 200 mil meticais e uma infinidade de regalias.
“Entre 2021 e 2022, Ossufo Momade e o seu gabinete receberam mais de 100 milhões de meticais, transferidos dos fundos do Estado. Estas mordomias justificam a ríspida reacção da ala radical da Renamo em relação à vontade de Venâncio Mondlane e de Manuel de Araújo de se candidatarem à presidência do partido”, lê-se na publicação do CIP.
Na semana passada, o porta-voz da Renamo, José Manteigas, disse que Ossufo Momade era a única figura, na Renamo, com perfil para candidato a Presidente da República, fechando, assim, as portas a mais candidaturas, em clara violação dos Estatutos da Renamo.
Segundo o CIP, pelas mordomias que Afonso Dhlakama evitou desde 2015 até à sua morte, Ossufo Momade e seus aliados próximos dentro do partido lutarão pela renovação do cargo de presidente da Renamo e, logo, candidato natural às eleições deste ano.
“Só em 2022, o Gabinete de Ossufo Momade recebeu 68 milhões de meticais, o equivalente a 1 milhão de dólares. Do orçamento total de 112.3 milhões de meticais (cerca de 1.8 milhão de dólares) dos dois anos, 70.8 milhões foram destinados para bens e serviços e os restantes 41.5 milhões foram gastos com o pessoal (salários e regalias)”, nota o CIP.
A par dos milhões, Ossufo Momade tem direito a remuneração, despesas de representação, subsídios mensais actualizados e gozar das regalias inerentes ao estatuto; meios de transporte do Estado; alienação de viatura; passaporte diplomático, para si, seu cônjuge e filhos menores ou incapazes; (um regime especial de protecção e segurança para salvaguardar a sua integridade física. Ossufo Momade tem ainda direito a viajar em primeira classe e ter subsídio de reintegração.
À luz do estatuto, Ossufo Momade está na terceira categoria salarial mais alta do Estado. O presidente da Renamo está enquadrado na terceira categoria salarial mais elevada na estrutura do Estado, com um salário base de 174.9 mil meticais (categoria 21A+66%).
A este valor são adicionados 26 mil MT de subsídio de representação, correspondente a 15% do salário base, o que totaliza uma remuneração mensal de 200 mil meticais.
Enquanto presidente da Renamo, Momade tem lugar no Conselho de Estado. “Perder a presidência da Renamo significa perder mais do que poder. Significa perder, também, uma série de regalias e a gestão de milhões alocados pelo Estado ao Gabinete do segundo maior partido”, diz o CIP.
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