Crise no Quénia: Manifestantes exigem justiça para 39 mortos e a demissão do Presidente
Uma nova onda de protestos eclodiu em várias cidades do Quénia, resultando num confronto intenso entre as forças policiais e os manifestantes. As manifestações são uma resposta à crescente frustração popular em relação ao governo do Presidente William Ruto, eleito em Setembro de 2022.
Mortes e feridos
De acordo com a Comissão Nacional dos Direitos Humanos do Quénia, 39 pessoas foram mortas e 361 ficaram feridas durante duas semanas de manifestações lideradas por jovens. Além disso, houve 32 desaparecimentos forçados e 627 detenções, num claro indicativo da repressão governamental.
A maioria das mortes ocorreu em Nairobi, com 17 vítimas, enquanto o restante se distribuiu por outras regiões do país .
Contexto dos protestos
Os protestos ganharam força apesar de o Presidente Ruto ter cedido à pressão popular e abandonado a impopular Lei das Finanças na semana passada .
A lei foi considerada prejudicial para a população, especialmente para os mais vulneráveis, ao aumentar os impostos sobre produtos básicos.
Os manifestantes, predominantemente jovens, têm exigido mudanças significativas na governação e na economia. Estes jovens são, em geral, mais instruídos do que as gerações anteriores, mas enfrentam um mercado de trabalho dominado pelo sector informal.
Actualmente, cerca de 80% dos trabalhadores quenianos não ganham o suficiente para garantir uma vida digna para si e para as suas famílias .
Impacto económico e social
Nos arredores das principais cidades, muitas empresas permaneceram encerradas, paralisando a economia local. Em Kisumu e outras cidades, os manifestantes tomaram as ruas, paralisando o comércio e os serviços.
Em Nairobi, a presença massiva das forças de segurança continua a ser evidente, com confrontos frequentes ao longo das principais vias de acesso ao centro da cidade .
Reacção internacional
A comunidade internacional tem acompanhado de perto os desenvolvimentos no Quénia. Organizações de direitos humanos e alguns governos estrangeiros têm instado o governo queniano a respeitar os direitos dos manifestantes e a buscar uma solução pacífica para a crise . A União Africana e a ONU expressaram preocupação com a escalada da violência e apelaram ao diálogo entre as partes envolvidas .
Perspectivas futuras
A situação no Quénia permanece tensa, com a possibilidade de mais protestos nos próximos dias. Os manifestantes continuam a exigir a demissão do Presidente Ruto, acusando-o de não cumprir as promessas eleitorais de reduzir o custo de vida e criar empregos. A insatisfação popular reflecte-se nas ruas e nas redes sociais, onde os apelos por justiça e mudanças sistémicas se intensificam .
Para compreender melhor o contexto destes protestos, é importante considerar os desafios económicos que o Quénia enfrenta. O país tem uma taxa de desemprego juvenil elevada e uma economia que luta para se recuperar dos impactos da pandemia de COVID-19.
A inflação tem aumentado o custo dos alimentos e outros bens essenciais, agravando a situação para muitas famílias quenianas.
A pressão sobre o Presidente Ruto é imensa, e a sua capacidade de responder eficazmente às demandas dos manifestantes será crucial para a estabilidade futura do país.
Observadores políticos sugerem que uma abordagem conciliatória e o fortalecimento das instituições democráticas podem ser passos importantes para evitar um agravamento da crise .