Cyril Ramaphosa garante segundo mandato com apoio do seu maior opositor
Cyril Ramaphosa toma posse esta na quarta-feira, em Pretória, para um segundo mandato de cinco anos, após ser reeleito pelo Parlamento para liderar uma coligação de unidade nacional sem precedentes.
O líder do Congresso Nacional Africano (ANC, sigla inglesa), Cyril Ramaphosa, assegurou a sua reeleição como presidente da África do Sul após o seu partido ter firmado um acordo de última hora com importantes opositores políticos.
O ANC de Ramaphosa, que assumiu o poder em 1994 após travar uma longa batalha contra o apartheid, perdeu a sua maioria pela primeira vez numa eleição realizada no mês passado. Nas duas semanas seguintes, o partido esteve envolvido em intensas negociações nos bastidores com outros partidos.
Na sexta-feira, enquanto o parlamento recém-eleito se reunia, John Steenhuisen, líder da Aliança Democrática (DA, sigla inglesa), anunciou que o seu partido, que é a principal oposição e tem uma base de apoio maioritariamente branca, assinou formalmente um acordo de governo com o ANC, que incluía o compromisso de apoiar Ramaphosa para a presidência.
O parlamentar de 71 anos foi reeleito pelos seus colegas com 283 votos, derrotando uma candidatura surpresa de Julius Malema, líder do grupo radical de esquerda Economic Freedom Fighters (EFF), cuja candidatura obteve 44 votos.
Ramaphosa, citado pela Al Jazeera, descreveu o acordo como "um novo nascimento, uma nova era para o nosso país" e enfatizou que é tempo dos partidos "superarem as suas diferenças e trabalharem juntos". Ele acrescentou: "É isso que faremos e é isso que estou comprometido a alcançar como presidente".
A cerimónia de posse de Ramaphosa está marcada para a próxima semana em Pretória, onde ele deverá anunciar o seu novo gabinete. Espera-se que o presidente faça uma série de concessões ao nomear ministros, incluindo membros de partidos que fazem parte da nova parceria de governo.
O Partido MK, liderado pelo ex-presidente Jacob Zuma, boicotou a sessão, mas isso não afectou a votação, pois apenas um terço dos parlamentares é necessário para o quórum. O secretário-geral do ANC, Fikile Mbalula, afirmou que o partido está aberto a conversas com qualquer outra formação política que queira integrar o governo de unidade.
O parlamento sul-africano conta com a representação de 18 partidos políticos. Mbalula destacou que o acordo multipartidário "priorizará o país sobre qualquer divisão política e ideológica".