Falta vontade política para travar raptos no país - analistas
Analistas consideram que a falta de vontade e interesse político impedem a erradicação completa dos raptos em Moçambique, particularmente na capital Maputo.
Para estes, o cenário piora porque já se sabe que alguns desses crimes ocorrem com o envolvimento de quadrilhas poderosas que, em alguns casos, envolvem elementos das próprias forças de lei e ordem, denunciando grandes lacunas de nível institucional.
Para os analistas, os contínuos raptos que afectam as principais cidades traduzem as lacunas existentes ao nível institucional, que dificultam um combate eficaz a este tipo de crime, sobretudo quando se sabe que o mesmo é praticado por quadrilhas poderosas que, em alguns casos, envolvem elementos das próprias forças de lei e ordem, dizem analistas.
O analista político Rui Fernandes, em declarações à VOA, sublinhou que, enquanto existirem carências de natureza técnica, tecnológica e material, o esforço ar o combate aos raptos será sempre ineficaz.
“Tem que haver vontade política para combater este crime, que envolve elementos das forças da lei e ordem’’, acrescenta o analista político.
Fernandes anota ainda que “existem polícias envolvidos nos raptos e que alugam armas e fardamento a criminosos, estas situações devem ser devidamente analisadas aplicando-se penas exemplares aos elementos envolvidos nisso’’.
Enquanto isso, o analista político Fernando Lima, citado pelo mesmo órgão de notícias, diz que esta situação ainda se vai degradar, enquanto as autoridades governamentais não trabalharem um pouco mais no sentido de se ter uma polícia mais eficaz no combate aos raptos.
“O Governo de Moçambique, olhando para esta situação, deve saber o que deve ser feito para que a polícia dê resposta aos desafios do país e às preocupações dos cidadãos’’, defende Lima.
A mais recente vítima deste crime é o empresário de Mohammad Hussein, havendo quem questione por que é que os indivíduos de origem asiática são os principais alvos dos raptores.
Diante deste cenário, o Governo diz que estão em curso investigações para o esclarecimento do caso ocorrido no último sábado, contra uma vítima que, segundo informações apuradas pela Torre, foi antes raptado em 2011.
A Confederação das Associações Econômicas de Moçambique pretende reunir-se com o Governo para analisar o impacto dos raptos na economia, que segundo o presidente do pelouro de Turismo, Hotelaria e Restauração, é bastante gravoso no sector turístico.
O Governo diz que está em processo de criação de uma brigada anti-rapto e acredita que esta seja a melhor forma de combater este tipo de delito.
“A brigada está a fazer o seu trabalho’’, afirmou fonte do Gabinete Central de Combate à Criminalidade Organizada e Transnacional, que, em Novembro do ano passado, deduziu acusação contra três arguidos, um dos quais antigo membro do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC).