Jornalistas sul-africanos detidos em Moçambique durante cobertura de manifestações
Dois jornalistas sul-africanos, Bongani Siziba e Sbonelo Mkhasi, foram detidos pelas autoridades moçambicanas enquanto estavam no país para cobrir as manifestações populares em curso. Os jornalistas, ligados à News Central Africa TV, tinham como objectivo reportar sobre os protestos que, entre outras consequências, resultaram no encerramento da fronteira de Lebombo entre Moçambique e a África do Sul.
De acordo com uma nota divulgada pelo MISA (Instituto de Comunicação Social da África Austral), a detenção dos jornalistas representa um ataque grave às liberdades de imprensa. A situação é ainda agravada pelo desaparecimento de Charles Mangwire, jornalista da Rádio Moçambique e correspondente da Reuters, ocorrido no momento em que recebia os colegas sul-africanos.
O jurista Nhampossa criticou duramente estas acções, classificando-as como um ataque ao Estado de Direito. “Este é um dos direitos fundamentais que garante a participação. Moçambique está a viver um estado de polícia que sustenta uma ditadura violenta”, afirmou. O jurista recordou que o país é signatário de acordos internacionais como a Carta Africana dos Direitos Humanos e o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, que garantem a liberdade de imprensa.
Nhampossa sublinhou que a detenção transmite uma imagem negativa de Moçambique, sugerindo a inexistência de liberdade de imprensa e expressão no país. “Esta detenção revela que estrangeiros enfrentam limitações infundadas para operar no país, desrespeitando princípios constitucionais e internacionais sobre a liberdade de actuação dos jornalistas”, acrescentou.
A TORRE.News tentou contactar o Secretário-Geral do Sindicato Nacional de Jornalistas, Faruco Sidique, que se recusou a comentar o caso.
É importante lembrar que incidentes semelhantes já ocorreram no passado. Jornalistas da CMTV, de Portugal, foram expulsos de Moçambique, e no dia 21 de Outubro, um jornalista moçambicano foi gravemente ferido enquanto fazia a cobertura das manifestações na Praça da OMM, conhecida como Praça da Mulher Moçambicana.
As detenções e ataques contra jornalistas levantam preocupações sobre a liberdade de imprensa em Moçambique e a crescente repressão em torno da cobertura de eventos sensíveis no país.