Os "corredores ocultos do narcotráfico na Pérola do Índico" (I)

Moçambique é um dos países do mundo, onde já passaram alguns dos maiores narcotraficantes da história recente da humanidade.

Junho 20, 2023 - 16:32
Junho 20, 2023 - 16:37
 0

Moçambique é um dos países do mundo, onde já passaram alguns dos maiores narcotraficantes da história recente da humanidade. Trata-se de Pablo Emílio Escobar Gaviria (Colombiano), Gilberto Aparecido Dos Santos (Fuminho) e o "rei dos frangos contendo o pó".

O primeiro conseguiu despistar nos anos 90, todos os seus inimigos narcotraficantes e agentes da DEA que procuravam por si e seus parentes, tendo sido na ocasião retirados para Moçambique, onde prevaleceram por algum tempo em Maputo e seu filho iniciado os estudos na maior e mais antiga Universidade do País – UEM.

O caso Escobar não foi mera coincidência, dados colhidos pela nossa reportagem, indicam que uma das principais razões é devido a localização de Moçambique, com ilhas primárias e secundárias, onde parte delas, são usadas pelos grandes grupos de narcotráfico desde os anos 80, quando a par da cocaína, o que mais circulava pelos corredores da Pérola do Índico era o haxixe, que veio a enriquecer várias famílias residentes nas proximidades das águas oceânicas, conforme verificou-se em finais dos anos 90 e princípio dos anos 2000 em Vilankulo e Cabo Delgado. Entretanto, locais como Pebane, conforme apuramos, os grupos continuaram realizando suas operações até ao momento, onde chegam a usar viaturas com logotipos de supostas organizações não-governamentais para circular e retirar a mercadoria que entra através do alto-mar.

Portanto, não é só pelo mar que a droga circula em Moçambique, uma investigação bastante complexa, realizada recentemente, desmontou uma rede que usava os aeroportos nacionais para receber e enviar drogas para diferentes partes do país e do mundo. O grupo que era composto por funcionários dos aeroportos, agentes da polícia, jornalistas, operadores de câmera e alguns empresários, movimentavam as substâncias de uma forma inédita, onde o material de trabalho dos jornalistas, ou seja, câmeras de filmar, eram usadas para movimentar alguns quilos de drogas com maior tranquilidade.

Aliás, recentemente, as autoridades tanzanianas apreenderam vários produtos faunísticos escondidos numa mercadoria de negócio de caranguejos vivos provenientes de Moçambique e com destino à Malásia. O esquema só agora é que foi despoletado, mas a verdade o mesmo fez milhões entre 2016 – 2023, conforme revela um relatório investigativo da GI-TOC divulgado no presente ano, na África do Sul, que dentre várias informações, consta no documento que os aeroportos de Maputo, Nampula e Pemba, são locais de trânsito de drogas e produtos de vida selvagem.

Portanto, nos últimos 10 anos, os grupos de narcotráfico aumentaram no País, passando a não existirem zonas maiores que as outras. Onde dados divulgados pelo SERNIC em princípios do presente ano na cidade de Maputo, indicavam que hoje virou comum encontrar-se "bocas de fumo" em quase todos os bairros da capital do país, mas também, a situação verificasse em vários locais da Pérola do Índico, onde o número de usuários e dementes devido ao consumo da droga vem crescendo.

A situação das drogas no país tornou-se preocupante, principalmente nas regiões costeiras Quissanga, Pemba, Ibo (Cabo Delgado), Angoche, Mossuril, Nacala-Porto, Ilha de Moçambique, Memba (Nampula), Pebane, Namacurra, Inhassunge, Quelimane (Zambézia), Beira (Sofala), Vilankulo e Inhassoro (Inhambane), Gaza e Maputo. (IMN-I)