Parque nacional de Maputo exemplo de sucesso na conservação da biodiversidade

O Parque Nacional de Maputo regista progressos assinaláveis na gestão e protecção das várias espécies que compõem a sua vasta biodiversidade.

Junho 29, 2022 - 20:19
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O Parque Nacional de Maputo regista progressos assinaláveis na gestão e protecção das várias espécies que compõem a sua vasta biodiversidade, facto testemunhado pela taxa de crescimento da população animal que gira em torno de 10 por cento por ano.

 
A afirmação é do administrador do Parque, Miguel Gonçalves, no âmbito da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, um evento em curso em Lisboa, capital portuguesa.

 
De 2010 a esta parte, foram reintroduzidos no parque mais de cinco mil animais de 13 espécies, incluindo girafas, cudos, cocones, cabritos vermelhos, búfalos, impalas, inhalas e chitas.


Segundo Gonçalves, a população de elefantes também está a crescer e, por isso, o Parque Nacional de Maputo já ajuda outras áreas nacionais de conservação, na recuperação da população paquiderme.

 
“Há cerca de 20 anos, o número de elefantes que existia no Parque Nacional de Maputo não chegava a 100, mas hoje a população cresceu para mais de 500. Nos últimos dois anos tiramos cerca de 60 elefantes para ajudar a repovoar o Parque Nacional do Zinave. Para nós este é um exemplo de sucesso”, destacou Gonçalves.

 
No passado, os esforços para proteger os animais do parque e para combater a caça furtiva não eram tão eficazes, pelo que a população animal registava uma redução considerável.

 
Alguns mercados da cidade de Maputo são o principal destino da carne dos animais abatidos ilegalmente no Parque Nacional de Maputo, onde a carne de gazela e impala são muito apreciadas. Cinco quilos destas carnes chegam a ser vendidos a preços que variam entre 500 e 750 meticais (dólar equivale a 63,8 meticais).

 
Entretanto, o cenário mudou e hoje é mais difícil adquirir estas carnes devido ao cerco feito aos caçadores furtivos na Reserva Especial de Maputo.

Gonçalves aponta o reforço da fiscalização e o envolvimento das comunidades à volta do parque em vários programas de subsistência e desenvolvimento como sendo a fórmula para o sucesso.

 
“Há alguns anos notamos que não podíamos crescer e proteger sem envolver a comunidade. Por isso, decidimos adoptar novas estratégias tais como programas para melhorar o fornecimento de água potável, aquacultura, maricultura, agricultura de conservação, saúde reprodutiva, e outros projectos que melhoraram a vida da população e reduziram consideravelmente a adesão à caça furtiva.


As autoridades também investiram na capacidade de fiscalização, com a aquisição de novos equipamentos e contratação de novos fiscais muito bem treinados”, destacou o Administrador do Parque Nacional de Maputo.


Em Outubro do ano passado o Parque recebeu um par de chitas, algo que causou uma certa apreensão sobre a segurança dos visitantes.


Segundo o Administrador do Parque a reintrodução destes animais, que haviam desaparecido na década de 1960, não deve constituir preocupação para os visitantes “até porque as chitas não constituem perigo para os seres humanos”.

 
“Com a introdução de chitas no parque queremos controlar o crescimento da população de herbívoros que abunda no parque. O crescimento exponencial de herbívoros pode comprometer todo o ecossistema. Temos, actualmente, duas chitas no parque, mas queremos introduzir mais quatro ainda este ano. Se tudo correr bem estes animais vão se multiplicar e o Parque Nacional de Maputo vai poder fornecer chitas a outros parques nacionais”, revelou Miguel Gonçalves.


Revelou que o Parque tem planos para introduzir outros felinos, com destaque para leopardos. “Quando esse momento chegar também não haverá problemas se as condições de segurança forem salvaguardadas aos visitantes', assegurou.


Outrora conhecida como Reserva Especial de Maputo desde 1960, esta área de conservação foi reclassificada em Dezembro do ano passado, passando desde então a designar-se Parque Nacional de Maputo. Mantém, entretanto, a extensão territorial de 77 mil hectares.