Professores paralisam exames em Maputo e Matola
Os professores do ensino público primário em algumas escolas das cidades de Maputo e Matola iniciaram hoje uma paralisação parcial dos exames, ignorando os apelos do Governo e da Organização Nacional dos Professores (ONP). O protesto está relacionado com o atraso no pagamento de horas extraordinárias, um problema que persiste apesar de sucessivas promessas não cumpridas.
Na Escola Secundária Unidade 2, em Maputo, os professores recusaram-se a entrar nas salas de aula nas primeiras horas do dia, usando o lema "dinheiro na conta, professor na sala". Vídeos que circulam nas redes sociais mostram professores amotinados na Escola Secundária Filipe Jacinto Nyusi, em Boane, onde cantavam e exibiam cartazes exigindo o pagamento dos subsídios em atraso.
Na Escola Secundária de São Dâmaso, na Matola, os alunos juntaram-se aos professores, bloqueando o início dos exames enquanto clamavam pelo cumprimento das promessas feitas pelo Governo. Situações semelhantes foram registadas na Escola Secundária de Liberdade, onde os alunos gritaram: "Paguem os professores, queremos fazer exame".
Apesar da adesão parcial à paralisação, algumas escolas conseguiram realizar os exames recorrendo a estagiários e outros membros do corpo administrativo. Contudo, o impacto foi significativo em várias instituições.
O Secretário-geral da ONP, Teodoro Meodumbe, confirmou à "TORRE.news" a ocorrência de paralisações pontuais em Maputo e Matola, mas assegurou que os exames decorreram normalmente no resto do país. Meodumbe desconsiderou o protesto, classificando-o como indisciplina e reafirmou que a associação se distancia do movimento.
“Nós já deixámos claro que os professores devem estar na sala de aulas. Discutimos com o Governo sobre o pagamento de subsídios e garantiram que vão pagar. Temos que esperar. Trabalhámos o ano todo para chegar hoje e não realizar exames? Isso seria deitar tudo a perder”, afirmou Meodumbe.
O secretário-geral também acusou um grupo de estar a tentar influenciar os professores a sabotarem o processo dos exames, numa altura crítica para o sector da educação. Enquanto isso, os professores que participaram nos protestos exigem soluções concretas e imediatas para o problema dos subsídios em atraso, alertando para a possibilidade de novas paralisações.