Aeroporto Filipe Nyusi: Um Investimento de 60 Milhões de dólares para 30 Passageiros por Ano
O Aeroporto Filipe Nyusi, uma obra monumental em Chongoene, província de Gaza, simboliza um descompasso alarmante entre ambição e realidade. Inaugurado em Novembro de 2021, com um custo superior a 60 milhões de dólares, financiado em grande parte por capitais chineses, este aeroporto tinha como objectivo alavancar o tráfego aéreo na região, tendo capacidade para cerca de 220 mil passageiros anuais. No entanto, a realidade desenha um cenário bem diferente: apenas 30 passageiros utilizaram suas instalações no último ano.
Este contraste gritante levanta sérias questões sobre a viabilidade e o planeamento estratégico da infraestrutura. Na cerimónia de inauguração, vozes optimistas como a do então Ministro dos Transportes e Comunicações, Janfar Abdulai, e do Presidente da República, cujo nome o aeroporto ostenta, ecoavam confiança na potencialidade do projecto. Contudo, o passar do tempo revelou uma história de subutilização e desapontamento.
Francisco Bambo, responsável pelo Departamento de Operações e Migratórias, confirmou que desde janeiro deste ano, o número de passageiros não ultrapassou a marca dos 30. Frente a este cenário, o actual Ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, prometeu revitalizar a infraestrutura, com expectativas de mudanças positivas no curto prazo.
Uma possível solução emergiu da demanda dos mineiros moçambicanos na África do Sul, sugerindo que o aeroporto poderia facilitar o seu regresso ao país. Américo Muchanga, Presidente do Conselho de Administração da empresa Aeroportos de Moçambique, aponta esta iniciativa como parte de um plano mais amplo para rentabilizar o aeroporto.
O caso do Aeroporto Filipe Nyusi não é apenas um reflexo da discrepância entre expectativas e realidade, mas também um alerta para a necessidade de avaliações mais profundas e realistas no planeamento de grandes infraestruturas. Este aeroporto, agora apelidado de 'fantasma', representa um desafio e um lembrete da importância da gestão criteriosa de recursos e projectos, evitando que se transformem em meros símbolos de desperdício e ilusões perdidas.
TORRE
