China continua um parceiro “agridoce” para Moçambique
Francisca Reino, delegada de Moçambique junto do Secretariado Permanente do Fórum de Macau, na China, destacou recentemente o papel crucial desempenhado pelo governo chinês e várias empresas chinesas no desenvolvimento de infraestruturas em Moçambique. Paralelamente, Moçambique planeia apresentar novas candidaturas ao Fundo de Desenvolvimento China-Países de Língua Portuguesa, focando-se em sectores como energia e recursos naturais.
Este reconhecimento ocorre num contexto de crescente contestação interna em Moçambique quanto ao papel do parceiro chinês. Aumentam as críticas relacionadas à exploração ilegal de recursos pesqueiros e faunísticos, bem como outros escândalos, incluindo crimes graves atribuídos a cidadãos chineses. Denuncia-se o contrabando anual de grandes quantidades de pescado e madeira para a China, fortalecendo a economia chinesa enquanto prejudica a de Moçambique.
A dependência de Moçambique em relação aos empréstimos chineses para financiar projectos de desenvolvimento, alguns de eficácia questionável, tem limitado a abordagem governamental sobre estes problemas.
Francisca Reino, na sua recente entrevista, concentrou-se nos aspectos positivos da cooperação com a China, evitando abordar as questões controversas. Ela elogiou projectos como o cultivo de arroz no vale do Limpopo pela Wanbao Africa Agricultural Development, Lda., enfatizando a importância do sector energético e de outros pilares fundamentais para o desenvolvimento económico de Moçambique, como a agricultura, a indústria, o turismo e a construção de infraestruturas.
Reino salientou que muitas infraestruturas vitais em Moçambique foram construídas com cooperação chinesa, incluindo a Ponte Maputo-KaTembe e a estrada número 6, que liga a Beira a Machipanda, além de investimentos no setor mineiro. Reconheceu, contudo, que ainda existem desafios significativos, como a consolidação da ligação rodoviária Maputo-Rovuma, essencial para o desenvolvimento nacional.
