Associação Médica de Moçambique anuncia greve para hoje
A Associação Médica de Moçambique (AMM) anunciou a convocação de uma greve para hoje, por um período de 21 dias.
A greve foi anunciada pelo presidente da AMM, Milton Tatia, em conferência de imprensa.
Segundo Tatia, em causa está o incumprimento das promessas feitas pelo Governo aquando do adiamento da greve anunciada pela classe há quase um mês.
“É por estas e outras razões que a classe médica se vê forçada a iniciar uma greve de 21 dias prorrogáveis, a ter início às 07h00 do dia 05 de Dezembro de 2022, em todo território nacional” disse Tatia.
Assegura, porém, que para não prejudicar a população moçambicana serão paralisadas apenas actividades electivas, isto é as “não urgentes”, como consultas externas, incluindo as de atendimento especial, cirurgias não urgentes, exames auxiliares e procedimentos médicos de diagnóstico, autópsias, actividades de saúde pública, actividades de ensino e tutoria em todas as instituições de formação do sector público.
Segundo Tatia, a tabela salarial única apenas veio a corroer parte dos direitos adquiridos pelos médicos que ainda não estavam cabalmente cumpridos. Disse ainda, que os médicos estranham o facto de não haver nenhuma transparência da forma como os seus salários estão sendo processados.
“Lamentamos imenso o ponto em que chegamos, mas, não estamos em condições psicológicas de continuar a prestar-vos o atendimento e o cuidado que merecem”, explica.
Referira-se que dos 14 pontos apresentados pelos médicos, apenas 4 foram considerados, dentre eles, o enquadramento. Contudo, a classe diz que não é o enquadramento que pedia e não era esse ponto que o governo prometeu rever.
Segundo Napoleão Viola, porta-voz do AMM, há ainda questões por ser revistas, tais como o subsídio de turno que reduziu de 30% para 7%, o pagamento de horas extras, o subsídio de de médicos que para além de dar assistência aos pacientes também dão aulas para a formação médicos especialistas, que foi acordado em ser fixado em 20% e o subsídio de exclusividade.
Viola lamenta igualmente o facto da troca constante dos representantes do governo em sede dessas negociações.
“Infelizmente continuamos a assistir esta situação de troca de representante, na medida em que os que estiveram na primeira sessão não são os que estiveram na segunda, houve uma troca em 100%; da segunda para terceira. Houve uma troca também em 100% e de terceira para quarta a troca dos representantes foi em 90%. De alguma forma sentimos que falta alguma memória no que respeita a negociação e isso prejudica”, explicou.
Na reunião nacional que se decidiu a grave, participaram pelos menos 1200 médicos e segundo Viola, caso o governo não responda durante os dias definidos para a grave, poderá haver mais uma reunião que decidirá pela prorrogação ou não.