“BARÃO” da caça furtiva detido na posse de cornos de rinoceronte

As autoridades moçambicanas detiveram dois indivíduos, no distrito de Marracuene, província meridional de Maputo, um dos quais é acusado de ser o mandante de crimes de abate e tráfico de espécies protegidas.

Agosto 1, 2022 - 16:25
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Trata-se de Simon Valoi, 45 anos de idade, mais conhecido por “Boss Navarra”, que é considerado o rosto da caça furtiva na província de Gaza, e o seu comparsa Paulo Zucula, de 32 anos de idade. Ambos foram detidos na terça-feira (26) na posse de troféus.

A detenção é fruto de uma investigação conduzida pelo Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), em colaboração com várias organizações envolvidas na protecção da biodiversidade, particularmente a Wildlife Justice Commission que trabalhou sem tréguas para neutralizar os suspeitos.


Durante a operação, as autoridades confiscaram oito pontas de rinoceronte e seus derivados que são procurados a nível internacional, com um peso total de 7,5 quilos, cujo valor no mercado informal está estimado em pouco mais de 30 milhões de meticais (cerca de 470 mil dólares).


“Estamos a falar aqui de dois indivíduos detidos, um deles é tido como o mentor ou líder dessas organizações. Este indivíduo é que fornecia armamento, identificava os caçadores furtivos, assim como outros equipamentos que eram usados na caça desse tipo de animais, neste caso o rinoceronte”, disse o porta-voz do SERNIC, Hilário Lole, em conferência de Imprensa havida hoje, em Maputo.


“Este é um grupo que o SERNIC já vinha trabalhando há bastante tempo com o intuito de neutralizar os mandantes desse tipo legal de crime. Temos informações que, na vizinha África do Sul e no território nacional foram detidos 15 indivíduos que já estão a responder em processos criminais”, acrescentou.


Segundo Lole, os indivíduos dedicavam a sua actividade na província de Gaza, assim como na fronteira com a vizinha África do Sul, concretamente no distrito de Massingir.

Boss Navarra é procurado também a nível internacional em conexão com vários casos de roubo de viaturas e crimes ambientais.


Entretanto, os suspeitos negam o seu envolvimento nos crimes que lhe são imputados.

“Eu apenas levei a mercadoria até Maputo para entregar a um senhor de nome Pedro, pois quem me mandou foi o meu amigo Beneth que reside na vizinha África do sul”, explicou o barão da caça furtiva.


Navarra diz que logo após a sua chegada tratou de ligar ao referido senhor. Como não o conhecia pediu a recepção do hotel onde se encontrava hospedado para chamá-lo e foi precisamente nessa altura que apareceu a Polícia, acto que culminou com a sua detenção.


“Apenas fui contratado como intermediário pois, desde o ano de 2016, não pratico a caça furtiva. A minha comissão pela entrega do produto seria de 20 mil meticais”, afirmou.

Valoi disse que o seu acompanhante, que também é seu familiar, não tinha conhecimento da mercadoria que transportava. Apenas pediu boleia para Maputo.


Zucula, por seu turno, também afirma Navarra apenas pediu para acompanhá-lo a Maputo.

“Ele (Navarra) ligou a dizer que era para lhe acompanhar a Maputo, não me disse o que trazia no plástico. Quando chegamos aqui, ele é quem esteve a falar com as pessoas e quando estávamos para sair entrou a polícia e fomos detidos”, disse Zucula.