Bilhética electrónica poderá ser solução para transporte semi-colectivo

O Governo e os operadores dos transportes semi-colectivos de passageiros, vulgo “Chapa” chegaram ontem a um acordo para ultrapassar a crise que se havia instalado devido aos sucessivos aumentos do preço de combustíveis em Moçambique.

Julho 5, 2022 - 16:13
Julho 5, 2022 - 16:18
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Bilhética electrónica poderá ser solução para transporte semi-colectivo
Transportadores privados

O Governo e os operadores dos transportes semi-colectivos de passageiros, vulgo “Chapa” chegaram ontem a um acordo para ultrapassar a crise que se havia instalado devido aos sucessivos aumentos do preço de combustíveis em Moçambique.

O acordo inclui um subsídio ao passageiro, correspondente a quatro viagens gratuitas por dia.


A decisão surge pelo facto de o Executivo ter atingido uma dívida insustentável para com as empresas gasolineiras do país.


A compensação, cuja implementação não foi revelada, serve de almofada para evitar a subida do preço dos transportes semi-colectivos de passageiros e, deste modo mitigar o seu impacto no bolso do cidadão.


Na manhã desta segunda-feira, os transportadores semi-colectivos de passageiros da região do Grande Maputo, que inclui as cidades de Maputo, Matola, Boane, e a vila de Marracuene, decidiram paralisar as suas actividades devido a subida do preço dos combustíveis anunciada sexta-feira (01) pelo governo, e exigem o aumento da tarifa.


Falando hoje em Maputo, em conferência de imprensa conjunta o porta-voz do Ministério dos Transportes e Comunicações (MTC), Ambrósio Sitoe, explicou que os preços dos combustíveis registam uma tendência crescente no mercado internacional e, por isso, urge encontrar medidas apropriadas para permitir que a economia continue a fluir.


Sitoe, que também é director nacional de Logística no MTC, disse que, para o efeito, o governo está a cooperar com o Banco Mundial para “trabalhar naquilo que seria o subsídio às pessoas mais carenciadas, vulneráveis ao processo todo”.

O subsídio ao transportado é o mecanismo, segundo Sitoe, acordado com o Banco Mundial. A conferência de imprensa contou com a participação da Federação Moçambicana dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO).


O governo reconhece que o processo, que inclui a introdução do uso da bilhética, bilhete electrónico, nos transportes semi-colectivos de passageiros, “leva o seu tempo para garantir que o valor chegue ao cidadão”.


Os valores, a serem transferidos nos próximos dias para a bilhética dos cidadãos carenciados e elegíveis, serão disponibilizados pelo Banco Mundial.


Entretanto, enquanto não iniciar o subsídio ao transportado, Sitoe afirma que os transportadores serão compensados para continuarem a operar em todas as capitais das 10 províncias do país, incluindo a região do Grande Maputo.


Sitoe reconhece os transtornos que existem na utilização da bilhética, mesmo nos transportes onde já está instalado o “Famba”, um mecanismo introduzido em Agosto de 2020, de pagamento electrónico. O mesmo já se encontra fora de serviço em alguns autocarros por falta de manutenção.


O presidente da FEMATRO, Castigo Nhamane, concorda com a reintrodução do bilhete electrónico nos transportes semi-colectivos de passageiros.


“Achamos uma solução é viável”, disse Nhamane.


Com relação a greve ocorrida na manhã de hoje, Nhamane distancia-se da mesma afirmando que não foi convocada pela FEMATRO.


Reconhece, contudo, que a greve surge como “forma de pressionar [o governo] e todos fomos encontrados de surpresa na madrugada de hoje”.


Além dos prejuízos acumulados desde o primeiro aumento do preço dos combustíveis, em Janeiro, e a outra em Março, Nhamane disse que a última subida, de Julho, já estava a sufocar as contas dos transportadores.


Sublinhou que o apoio ao passageiro é aplicável apenas ao transporte urbano.


“O transporte interprovincial, interdistrital tem de se negociado localmente o seu reajuste, não está abrangido nesta almofada que o governo está a anunciar”, afirmou.

O subsídio deverá abranger aos transportadores semi-colectivos reconhecidos pelas autoridades.


A FEMATRO tem 33 associações a nível nacional, dos quais estão acoplados as outras sub-associações dos transportadores semi-colectivos de passageiros.