Chefes de Estado de Portugal, África do Sul e Angola enviam representantes à posse de Daniel Chapo
Os Presidentes de Portugal, África do Sul e Angola, países com relações históricas e estratégicas com Moçambique, decidiram não comparecer à cerimónia de tomada de posse do Presidente eleito Daniel Chapo, marcada para amanhã, 15 de Janeiro. Em vez disso, cada país será representado pelos seus respectivos ministros de Negócios Estrangeiros e Cooperação.
O Governo português confirmou que o país será representado pelo Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel. Esta decisão, tomada em conjunto pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e pelo Primeiro-Ministro Luís Montenegro, reflecte uma mudança em relação às cerimónias anteriores, onde era habitual a presença do Chefe de Estado português.
Na semana passada, Rebelo de Sousa afirmou que aguardava uma proposta do Governo sobre a participação na posse, optando-se, no final, por delegar a representação ao Ministro dos Negócios Estrangeiros. Após a proclamação de Daniel Chapo pelo Conselho Constitucional, Luís Montenegro transmitiu ao novo Presidente moçambicano, via telefone, preocupações sobre o “clima de violência” que persiste no país.
Da África do Sul, país vizinho e parceiro económico de longa data de Moçambique, o Presidente Cyril Ramaphosa também delegou a representação ao Ministro das Relações Internacionais, Ronald Lamola. A sociedade civil moçambicana e a comunidade internacional têm pressionado Ramaphosa a intervir na crise política pós-eleitoral, mas a sua ausência nesta cerimónia representa um gesto de prudência face à tensão política actual. Em cerimónias similares no passado, a África do Sul foi frequentemente representada pelo seu Chefe de Estado.
Angola, outro parceiro estratégico e país irmão devido à partilha da mesma língua oficial, também optou por enviar uma representação ministerial. O Presidente João Lourenço será representado pelo Ministro do Estado e Chefe da Casa Civil da Presidência da República, Adão de Almeida. Esta decisão ocorre num momento em que Angola acompanha de perto o desenrolar da situação política moçambicana.
A cerimónia de investidura de Daniel Chapo ocorre dois dias após a tomada de posse da X Legislatura da Assembleia da República, composta por 250 deputados. A composição parlamentar reflete uma nova configuração política, com 171 assentos ocupados pela Frelimo, partido no poder, 43 pelo PODEMOS, 28 pela Renamo e 8 pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM). A ausência dos três Chefes de Estado reforça a atenção internacional à crise política e social que Moçambique enfrenta após as eleições gerais de 9 de Outubro.